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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Nasci como uma bruma..

Esfrego os dias com se fossem um chão preguiçoso...inchado...
Não navego em sabedoria nem invento mundos...sei que só há um mundo...
Gozo as subtis manhãs no passadiço rente ao rio..
Onde passeio a minha ignorância das coisas...divagando como uma febre alta.
Não aspiro ao eterno nem me acuso de não prestar provas de sinceridade
Nasci como uma bruma...como uma bebedeira tola...ou como uma folha de tabaco...
Que se fuma diariamente..sofregamente...
Talvez um dia renasça noutra divagação...
Talvez a minha cinza sirva os superiores interesses das ciências astrais...
Talvez a minha cinza sirva para ser pintada como uma natureza morta..
Que sirva para estupidificar as cores das tintas...
Quem sabe o caruncho me habite como uma falsa filosofia..
E eu me impaciente um dia e coma o Ocidente...
Como se fosse um Cristo renascido num vasto campo de trigo...
Ou como um vencido que ultrapassou a meta...
Ou como um bastardo sem provas de filiação à raça Humana
Parece-me que isto é uma verosímil sentença de um tempo sem rugas...
Parece-me que isto é a mira de onde posso apontar como alvo o espírito dos vencidos...
E depois..que importância têm os paraísos?
Que prantos imemoriais caem dos olhos dos anjos?
Que provas tenho que acumular para ser uma visão dilacerante?
Não! Eu não cedo...sou livre de habitar o meu suplício....mas tenho um desejo...
Apenas quero que a minha alma durma....
Rodeada de anjos que tocam trombetas de ouro...
Cujo som me traga a subtil Visão de um verdadeiro estado de Pureza...
Ou de um sonho sem mundos inquietos e imemoriais...
Mas que contenham em si todos os dilacerantes minutos da nostalgia...

Onde a justiça possa empedrar os passeios...

Tem piedade de mim veneno que me matas de nobres ideais
Deixa-me arder neste sufoco de hinos saídos da boca aberta das visões
Deixa-me sonhar com crimes..imaginar infernos...baptizar danados...
Deixa-me morrer de sede...cumprimentar bispos...engolir infortúnios...
Deixa-me arder coberto por um inocente pecado.. embebedado em delícias condenadas
Que te posso pedir mais? Talvez ...ignóbeis dias...bichanares de ratos e ratas...
Infernos...infernos...tragam-me já todos os deliciosos infernos...
Quero lançar no fogo todas as ambições e todos os escravos...
Mutilar todos os retiros espirituais...Satã não pode esperar...e o Inverno é para engolir...
Agora que tenho a infância coberta de erva..e os cabelos cobertos de neve...
Exijo um conluio...quero um coitadinho para mimar...e um perfume falso para ordenhar...
Quero esfarelar o Bem...explicar o Mal...beber na pia baptismal...a salvação colérica...
Quero a perfeição da vergonha...e a estupidez de uma estúpida verdade...
Quero calar os princípios do discernimento...estudar a perfeição do acasalamento
Quero um oceano coberto por um céu insuportavelmente firme...
Insuportavelmente ignóbil...
Onde possa ver chamas a sair de um mutilado...como a raiva de um falo enclausurado...
Onde a justiça possa empedrar os passeios... e eu me possa calar de vergonha...
Porque afinal...não sei o que são as leis humanas...nem o meu corpo tem tanta sede...
Que não possa passar sem água...

Benditos sejam todos os momentos...

Bendita a guerra...bendita a terra...benditos todos os júbilos multicolores
Bendito céu...bendita a glória...e as carnes podres das selvagens flores
Benditas as praias e os anjos e os Navajos que os brancos exterminaram
Bendito o ouro...bendito o vento e o tormento que o chão glorifica...
Benditas as manhãs e as bruxas e a imoralidade que dispensa a moral
Benditos os desfigurados e os artistas ensarilhados e desiludidos..na solidão total
Benditas todas as vitórias e todas as mentiras que se acrescentam às verdades
Benditos os atirados ao chão...benditos os que se levantam...e os que se evitam...
Benditas as ideias desfiguradas...entrelaçadas em mim e que sabem a pouco...
Benditos os poderes sobrenaturais e os antinaturais e os olivais
Benditos três vezes os anjos..que dispenso aos que precisam...e aos que não precisam
Benditos todos os ardores e todos os ardis que as minhas entranhas...estranham..
Benditos todos os sarilhos e os empecilhos a quem não peço perdão
Benditos todos os raptados da solidão...benditos os que vivem dramas de algodão...
Bendita a amiga mão que descreve a curva letal da estalada no rosto...e o oposto...
Bendito o socorro e o ar do inferno e a paz espiritual... do animal
Bendito o catecismo e o mutilado e o danado e... a pena capital
Benditos os que se imaginam felizes e as actrizes e... as meretrizes
Benditos os demónios e os neurónios e os rituais de acasalamento
Enfim...benditos sejam todos os momentos...