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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Há sempre sementeiras de dúvidas...

Incompletas palavras me chamam na aragem espessa de manhã
Chegam-me em sussurros de braços inclinados...
Como luzes que se separam...Correndo em todas as direcções...
Ocupando todas as trevas...
Poisando em todas as superfícies as suas faces de hálitos quentes e aconchegantes
Solitárias procuram no abismo...o perdão...a redenção...
Como se cumprissem uma pena feita de esperança...
São estas aragens ...esquivas fagulhas lançadas por um coração desgastado...
São como uma transpiração de passos culpados...de ramos quebrados...
E esperam que um fragmento de terra rude... lhes dê a sombra da montanha abrupta...
Que se projecta no vale sagrado da paixão...
E que sacia a sede...como água de uma fonte esquiva...que se bebe na palma da mão
Pois que venham ordens...que se destruam paredes...
Que se calem os buracos por onde se escoa o silêncio...
Há sempre passos que aos pés cansados.. se tornam impossíveis
Há sempre sementeiras de dúvidas...
Mas a tempestade do reencontro...será como uma imensa boca aberta num sonho...
Que fará escurecer a luz num despropósito de corpos aguados...
Como se fossem duas imensas fadigas...
Juntas num profundo suspiro de searas saciadas...

O meu olhar só te poderá ver...

Escapo-me de ti como se fosse um segredo triste
Percorro o teu jardim..desfolho os teus beijos...sou a ilusão do desencanto....
Sob as copas das árvores prometo-te alegrias...esperanças...desencontros...
Acuso-me de ter olhos...de ter corpo...de ser uma calamidade desinteressada..
O meu segredo é como uma fé...não tem sentido...não tem janelas...
É uma noite nublada...uma derradeira lágrima...uma mão acesa...
Distingo na desilusão... uma indulgente fogueira que queima a felicidade
Mas...renuncio a esse desencanto...queimo-o....e o meu olhar só te poderá ver...
Só poderá ser....verdadeiramente teu... se me deres a mão...