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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Que irá desaguar numa inquieta nuvem...

Danças à minha volta como se fosses um tempo suave
Um tempo amarelecido pelo Outono...
Que se queda em cascatas sobre os meus ombros
E me sopra ventos solitários como fotografias de Invernos
Tudo em ti é feito de uma frágil obscuridade....
Como uma árvore desterrada...ou um tronco sem perfume...
Reparei que em cada flor se deita uma borboleta
Que em cada corpo se refresca o calor...que em cada gruta há uma obscuridade paciente
Vejo a noite como quem muda o relógio...e atira os ponteiros ao ar...
Vejo-a a derramar-se sobre a calçada...sobre a música...sobre ti....
Vejo também gestos e pensamentos...como resumos de asas feitas de ouro branco
Invejo o tempo das marés...a sua correria insensata...sem destino certo...
Invejo esse vaivém que a palidez dos dias me mostra...
Como uma terra despida de verdura...
Ou como um jardim suspenso no tempo...extravagante...
Sei agora que os desgostos se curvam perante o teu perfume
Que uma manhã de sol afagará os teus cabelos...
E que o nosso consolo atravessará a solidão...como uma maresia aflita...
Que irá desaguar numa inquieta nuvem...
Feita de restos de dias que já foram ásperos...
E que agora descarrega toda a sua fúria num sono que explode em espantos...
Como se fosse uma insuficiência delicada...ou uma folha despida por um dia negro...
Que se reencontrou com a fascinante vida!

Um sentimento infinito...que deu flor!

É no silêncio mais profundo que nos encontrarmos
Porque é nas madrugadas que começa o entardecer....
E é na esperança que brilham as luzes
Essas luzes que fazem uma longa viagem cruzando oceanos
Suportando fadigas que mergulham silenciosas num mar suspenso...no céu...
Como frágeis sulcos de olhos que vêem noites escorregadias
Como mundos antigos cuja incerta passagem nos arrastará...como velas enfunadas...
Até aos cais inchados de proas que amam as aves... e que se exibem orgulhosamente...
Já sabemos das longas viagens...já conhecemos os seus danos e prazeres...
Já nos inclinámos sobre a água e vimos o rasto que deixámos...
Um rasto incerto como o futuro...frágil como uma boca...flexível como um coração...
Dócil como uma carícia...sentido como uma bruma...silencioso como um sentimento...
Um rasto traçado a perfume de giesta...que disfarça a sua tristeza num exagero de risos
Um rasto que se mistura com pavões de todas as cores...que dança com eles...
Que os encanta como se fossem tudo...e como se nós também fôssemos tudo..
E o nosso rasto fosse tudo...tudo o que resta de nós...tudo o que partiu de nós
E que a nós regressará um dia....quando o sol se exilar...e a noite for uma rosa crepitante
Que nos abençoará como uma exagerada madrugada...
Que comovedoramente nos convidará a regressar à infância...


Como se fôssemos chuva...
Ou um sentimento infinito...que deu flor!