Onde pousarão os cantares das ideias?
Desabam cansaços como segredos que as folhas guardam
Por entre os ramos há palavras envolvidas pelas sombras
Que dizem que entre a terra e a mágoa há um abismo de sussurros saturados de homens
Os pés tornam-se rasgões cavados na terra seca...
Que se confundem com as paredes rachadas das montanhas
E as ervas cobertas de mágoa erguem-se perante a secura dos sentimentos
Os pensamentos atiram-se contra o coração...suicidam-se numa agonia estrondosa
E há um cheiro a tempestade...um abismo que abre a sua boca ao tédio...
Desafiando uma morte fresca espalhada sobre as carnes aflitas...
Como um desamparo...ou o desmoronar de um pesadelo...
A boca informe...o peito raso cheirando a figueiras selvagens...
Ninguém sente vontade de regressar às horas tardias..
Às horas suspensas nas folhas que os pesadelos tecem...
Aos cheiros das memórias que esfriam os corpos numa lágrima de fel
Onde pousarão os cantares das ideias?
Onde estará a derrota da alma que vive nessas ideias?
Que luz se exilará no escurecer da hora que se desmorona ?
Podemos regressar ao ar fresco...à chuva ácida...aos dias longínquos
Mas o nosso desamparo nunca terá uma migalha de tempo que lhe diga
Que os canteiros dos jardins irão florir...no dia em que a luz do sol se retirar..de nós!