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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Carne...

Carne...decisão absoluta do desespero...obstáculo da alma...
Harmonia de olhos infinitos que onde os reflexos do sol iluminam os caminhos
Por onde se passeiam os rostos cujos cabelos tapam os braços caídos em desgraça
Carne de puros animais profundamente nobres e sorridentes
Que se transforma num pensar e num dizer onde os dias se fatigam de palavras
E onde os lábios queimam as faces...os deliciosos lábios de fogo puro...
Há uma resignação que as flores transformam em elegantes despedidas
E um assombro nas ruas antigas onde a lassidão se passeia
E que segue os dias resignados ..como dedos agarrados a uma mão estendida
Tudo é tão absoluto...tudo tão mesquinho...
Que até a alegria se bebe por uma desmedida fantasia...
Como se vivesse numa fascinante farsa onde as pétalas de álcool gritos são cordiais
Que se oferecem à volatilidade de um odor a vento favorável...
Onde as criaturas se postam como estátuas cheias de atitudes
E a cordialidade é uma fingida felicidade que se espalha pelos parques da cidade
E que assusta a ignorância dos passos... cuja saudação é uma fogueira fingida!

Podes agitar-te e reconhecer a tua voz..

Puros sejam os teus olhos perante as incertezas que te emudecem....
Porque podes sempre observar as aves e viver numa passagem inacabada
Podes libertar as nuvens e agitar os ruídos da noite
Podes estar em todas as horas e alcançar todos caminhos
Que as aflições serão sempre tuas...únicas e incessantes...
Serão sempre um bocado de ti...vivendo num ontem inacabado...
Podes sorrir à tua libertação e cortejar os silêncios
Que será sempre o mesmo dia que terás para viver
Será sempre a mesma imagem sem nome que te perseguirá
Como uma incrustação de um passado amarelecido pela secura dos tempos
Podes agitar-te e reconhecer a tua voz...na voz que sai pela clarabóia das horas
E ao fim da tarde podes entender esse ruído impalpável que desconheces
Então reconhecerás os chamamentos que ressoam na tua aflição
Lerás todos os pensamentos que vivem na tua obscuridade..como criminosos...
E os passos que se arrastam no fundo de ti...
Serão como patéticos impulsos de um sangue cansado...
Por uma confusão que rola sempre a direito e te provoca náuseas
Até ao dia em que uma verdade cresça... como um impulso que emerge do corpo
E acorde os teus olhos para a noite em que os sinais desfilarão pelas ruas
E alegremente te levem com eles...
Para que a tua serenidade inquieta se abra como um profundo acto de amor!

Da mesma forma que as orquídeas vestem os gestos tocantes e graciosos

Não existia em si mais que um rosto lavado por restos de resignação
Bebia de um trago a sua renuncia a um corpo desgastado pelas avenidas
Que eram como furtivas almofadas onde reclinava a cabeça
A sua mágoa inquieta descia pelas folhas de tardes desmaiadas
Que se estendiam sobre velhas despedidas vestidas por uma graciosa melancolia
Da mesma forma que as orquídeas vestem os gestos tocantes e graciosos
Imaculado era o seu destino...gravada estava a sua sina num anel de feito de agulhas
Todos os mistérios se aproximavam...autoritários e anónimos...
Como se as rosas os consolassem com o seu perfume...
Era então claro aos seus olhos
Que as ondas eram apenas um chegar desesperado à praia
Onde embalavam o seu desconsolo num vaivém que chora por um ombro
Um ombro onde possa descansar os seus olhos puros de filho das palavras
Dessas palavras que contêm todos os sonhos e todos os desejos
Que contêm todos os paraísos e todos os lumes que enxugam as lágrimas
Que contêm todas as histórias que as lareiras escutam enquanto as chamas estalam
E que depois enviam pelas esquinas que falam de alegrias cheias de dias suaves
Cheias de paraísos onde a volúpia se detém numa vela carregada de horizontes
E todas as loucuras cobrem a terra enegrecida
Como um acabar de mundo cujo mar é o infinito plantado sob chuva encantada!