Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Metamorfose de cristal dormindo sobre uma pedra sorridente


Metamorfose de cristal dormindo sobre uma pedra sorridente


Vem a noite e soltas toda a tua luz sobre as flores líquidas


Exaustão de olhares...rosto extenuado de animal feito de geométricas formas


Dormes no fundo do rio...resistes no leito orvalhado....cresces como um fogo de vento...


És uma árvore pendurada numa ravina acesa..flor que perfura as raízes...


Num estranho murchar de dias feitos de vidro...


A noite é o teu eclipse..a tua ilha escondida nas persianas do quarto...chove...


Amanhã o cansaço sacudirá a brisa que te cobre..


Ignoras a berma da estrada...profunda lentidão de caminhos...


Agitas os braços como asas brancas...feitas de um cansaço comestível ...respiras...


Tens insectos a cobrir-te os dedos...sobrevoas as janelas sem rota...delírio de sangue...


Espessa poalha de estrela aprisionada num corpo vazio...sem solução...


Escutas as explosões escondidas no soalho..pés que pisam flores em posições amorosas


Vês a tua cara na água clara...não sabes quem és...insónia cristalina...


Moldura dobrada pelo peso da tua foto...sorris...falso sorriso de circunstância...


És a árvore rubra que esvoaça desde o princípio dos tempos...rota envenenada...


Por debaixo de ti nascem conchas delirantes...brisas cadentes..sopros queimados...


E sabes perfeitamente onde dorme o cio...


Onde embrulhas o musgo que te cobre os sonhos...


Onde encostas a língua gelada...feroz...e...estendes o corpo num arrepio translúcido...


Até que a madrugada te desenhe o contorno dos olhos...


Rímel ignorado...reflectido num espelho que dorme esquecido de ti...


 


 

Que esperam pelo momento em que os corpos voem...


Escorrem fotografias sem rosto...sépias de caminhos nocturnos...


Corpos adivinhados enchendo-se de frios vagarosos...húmidos...sinuosas linhas


Que flutuam numa alucinação de lágrimas marinhas...


Que se afogam num lago de penumbras


Feito de gritos dobrados pela força do vento...atravessado por todos os medos....


Onde todas as transparências são estranguladas pelas falsas areias...


Como palmeiras em oásis de dentes cerrados...sumo de orvalho dolorido...


Que se oferece sem nada pedir...reclinado numa visão de águas luminosas...


Onde se escondem todas as horas de amor...e todos os despojos do que fomos...


E que esvoaçam num espaço sulcado de sentidos... que captam a lonjura do olhar


Dormindo sobre as pétalas doces de uma vulva acordada....pelas luas bailarinas...


Que esperam pelo momento em que os corpos voem...


Num emaranhado de beijos em volúpia... enroscados num prazer vagaroso!


 

Queixas que deixamos na sombra..

 


Sopram prantos sobre as nossas vestes rasgadas


Emoções tiradas à força de pulso...gotas de estrelas cadentes...


Mundos sem defeitos que sepultamos num lamento...chão...placenta de escuro dia...


Queixas que deixamos na sombra...como pirilampos brilhando na escuridão da alma


Nascemos de uma incandescência...pingamos sobre os dias como estrelas de pranto...


Não há nada que as nossas mãos magras possam esgravatar...


Escorre-nos a vida por entre os dedos...desperdício de poemas soletrados na areia...


Queixando-se do corpo que os aprisiona...poemas sem peso nem sombra...


Poalha de vento seco...réstias de intimidades...labor e braços que se sepultam...


Na elegante inconsciência da terra...folha de árvore viajeira...universal...


Cisco de tristeza que se ergue das profundezas...sotaque de cinza


Do tamanho do Homem soterrado pela leveza das palavras...


Árvore tricotada pelos céus...medo da fonte copiosa onde nasce a solidão...


Dança que se desvanece num silêncio despresente...fatal e belo...Vida oculta...será?


 

Sem espelhos onde se possam ver as andorinhas...


Unhas cobertas de areia negra...vómitos ancestrais de gritos lancinantes...


Corpos de lágrimas paradas...tatuadas em ouro...carregadas de sal enlouquecido...


Paisagens de solidão...adolescentes serpentes...fluorescente sangue estrangulado


Que alastra...alastra...alastra sobre as flores enfurecidas...


Onde pequenas medusas de veludo descansam em espasmos nocturnos...


Como água que carrega homens desenhados na noite dourada...


Que se perdem num emaranhado de alucinações...prenhes de silêncios...


Sem espelhos onde se possam ver as andorinhas...cujo voo agita as luzes...


Como sorridentes fogos...animados por geometrias soltas..sem tempo nem rasto!


 


 

Que nos diz que é já ali o sol pôr...


De onde vêm os rios...que atamos ao nosso corpo com uma corda feita de anjos...


Que nos penetra num tempo sem sono...recolhido num silêncio que devora a eternidade


Orgulhosos dormimos como criaturas celestiais...morando num sol estilhaçado por sonhos


E acordamos numa terra que nos alimenta o nome...que nos dá um corpo...


Que nos abocanha a carne...que nos diz que é já ali o sol pôr...


Como uma aldeia feita de estrelas indistintas...vidas sem nome de almas sem corpo...


Dormindo no sussurro do silêncio maravilhado pelas gotas de água que escorrem...


Dos nossos olhos líquidos...firmamento da semente que nos produziu...


Bem maior que a luz onde todos os sóis se escondem...e todos os pés pisam...


Até ao celestial dia em que dormimos sobre a resposta...como Pais da Vida...


Atravessada por riachos feitos de golpes e cicatrizes...cordas onde nos seguramos...


Aguardando a penumbra alucinante da eternidade...


Que revelamos em segredos escondidos nos corpos onde depositámos sementes!


 

Que nos diz que é já ali o sol pôr...


De onde vêm os rios...que atamos ao nosso corpo com uma corda feita de anjos...


Que nos penetra num tempo sem sono...recolhido num silêncio que devora a eternidade


Orgulhosos dormimos como criaturas celestiais...morando num sol estilhaçado por sonhos


E acordamos numa terra que nos alimenta o nome...que nos dá um corpo...


Que nos abocanha a carne...que nos diz que é já ali o sol pôr...


Como uma aldeia feita de estrelas indistintas...vidas sem nome de almas sem corpo...


Dormindo no sussurro do silêncio maravilhado pelas gotas de água que escorrem...


Dos nossos olhos líquidos...firmamento da semente que nos produziu...


Bem maior que a luz onde todos os sóis se escondem...e todos os pés pisam...


Até ao celestial dia em que dormimos sobre a resposta...como Pais da Vida...


Atravessada por riachos feitos de golpes e cicatrizes...cordas onde nos seguramos...


Aguardando a penumbra alucinante da eternidade...


Que revelamos em segredos escondidos nos corpos onde depositámos sementes!


 

Luzes nervosas onde cresce o ardor de uma penumbra inocente...

 


Que mar é este que escorre pela escrita fogosa dum sono piramidal


Sono que geme sobre o mundo incendiado pela espessa extensão de uma maré erecta


Ossos-mundos...texturas sonâmbulas de músicas extenuadas …


Desamadas nebulosas construídas sobre incensos ancestrais...


Camas que exalam mundos de homens-ouro sem polpa...


Cidades queimadas pelas marés que lentamente sobem pelas vulvas espessas...


Como comestíveis noites vestidas de estrelas amareladas...


Riscadas por frutos inacabados


Como luzes nervosas onde cresce o ardor de uma penumbra inocente...aquática...


Que exala águas nocturnas sob o toque suave do sexo incendiado...


 

Como aves que emigram para dentro da nossa alma sem nome...


Cabelos em conchas ...folhas vivas de vozes assustadas...mundo coberto de moluscos..


Que perante o azul comestível da cidade envolta no amanhecer...


Se prolonga num espasmo avermelhado...como um lápis lívido...


Pela abominável tinta fulva...de um desapossado corpo...feito de nós marítimos


De onde indecifráveis cabelos descem pela areia...


Porque são cabelos-areia..cabelos-corpo ardendo num pavio...


Coberto de partículas convulsivas...texturas de perfumes raros...carícias sem nome...


Gemidos de idades em convulsão...lábios perdidos na floresta..


Onde arde um fogo azul e uma manhã mineral...caótica dor de medusa sonolenta...


Cuja voz ecoa num abrir de olhos ao mundo...


Como assustadora e prateada visão de um fogo ensanguentado...


Onde as larvas explodem como estrelas mal-amadas...e o azul comestível do céu


É um afastamento de marés vivas...erectas...


Riscadas por pérolas que circulam em volta de um pescoço ...alvo...intocado..


Que espera apenas que a avermelhada língua de um pássaro de papel...


Lhe desperte o amanhecer florido...aveludado...


Como o grão dum vegetal que espera a luz


Escondido na penumbra da terra...afastado de todos os olhares...seco e informe...


Até que um delírio translúcido o faça abrir...qual pétala ofuscante de uma estática maresia


Que debica um cósmico silêncio dourado...feito de detalhes em branco..sonhadores...


Como aves que emigram para dentro da nossa alma sem nome...


 

Até nos tornarmos numa simbiose estrelada....una..final!


Caem pedaços de pele do céu enegrecido...despem-se os desertos...jogam-se os dados..


Fumam-se estrelinhas vermelhas e lambe-se o cadáver da estricnina...


A paixão torna-se um prolongamento do coração ..e a solidão uma réstia da saudade


Os olhos amam a lonjura de um mapa astrológico...suicídio de céus apaixonados...


Tudo gira na indecisão de uma frágil luz...que navega numa ferida alada...


Que as mãos sufocam...tropeçando na órbita aureolada de um sol urbano...caótico...


Jogo e lâmina que se esconde na aurora egípcia...


Máscara de Ísis navegando pela beira -mar ...estendendo o corpo pelo Nilo avassalador...


Comendo conchas onde vivem serpentes maduras...e violinos feita de contra-luz ansiosa


Que nos procura como um passo metálico de um salpico de coral...


Para nos dizer que é tempo de voltar...que é tempo de sufocar com as nossa mãos...


Todo o sangue que nos escorre da alma entorpecida...


E toda a solidão da lancinante provocação de uma memória morta...


É tempo de voltar...a subir as luzes desérticas da manhã...


Até nos tornarmos numa simbiose estrelada....una..final!


 

Por fim...dançarei com o teu medo...e incendiarei a tua voz...

 


Dançarei contigo sobre a luminescente tontura de um gesto qualquer...


Minha tâmara nómada feita de jogos apaixonados...minha orbital aura de luz frágil...


Que medita sobre uma paixão que lhe lambe todos os sorrisos...


Como um mundo angustiado...indefeso sobre um labirinto feito de mágoas...


Dançarei contigo através de todas as solidões...e todos os tropeções que dermos...


Serão azulíneas línguas de sedas escarpadas...réstias de luz em lagos apaixonados...


Conchas de mel escarlate que vibra na adolescente noite...amor e mar..ar e Atlântico


Coral salpicado pela espuma de Algeciras...Ceuta petrificada em golfinhos de ouro


Haxixe e néon sentados na baía...à beira mar ...


Mordida desértica de um ritual feito em porcelanas alquímicas...


Ming serpenteando no corpo do dragão...foz e asa de morcego...


Moscas que dançam valsas nos subúrbios que devoram metais...


Ar rouco saindo de uma dentada que mata a poesia...feroz dia cortado em fatias...


Prepúcio descansando sobre uma pirâmide de encantos raros...


Sexos feitos de rituais cobertos de lume alado...asas de solidão temente da loucura...


Mordida precipitada...dor lancinante de prazeres rubros....devorantes...


Santificados pelos apelos do corpo...salpicados de mel e frenesim...


Onde por fim...dançarei com o teu medo...e incendiarei a tua voz...


Pág. 1/10