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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Pausas de sossego onde os corpos cansados respiram!

Atravesso a cidade abandonada...vergada pelo fogo ateado numa noite lúcida
Respiro como se comesse um ritual suicida e bebo todas as chamas que me acordarem
Atravesso corações..objectos...néons pasmados pelos corpos à deriva
Corpos que procuram vento no fogo...areia nas coincidências...metamorfoses na fúria
Corpos que dialogam com as agonias que vivem nas paixões que a cinza esfriou
Vou até ao mar onde se suicidam as travessias oceânicas
Onde as saídas são pausas que ardem como lugares feitos de inutilidades
E a geometria dorme sobre lâminas que não dizem qual é a saída
É preciso atravessar as chamas... chamar os inocentes...acalmar os suicidas
É preciso manter-se vivo dentro de uma língua que sopra o fogo..ateando-o..
É tempo de corroer o ácido que verga os túneis esconsos onde se perde a voz
Porque o mundo sobrevive fechado num casulo feito de seiva
E os dias perdem-se nas arqueologias que os desertos escondem
E ficam esquecimentos...travessias...mágicos medos de águas em fúria...
Como pausas de sossego onde os corpos cansados respiram!

Podes até ser atravessada por um jardim de hortenses floridas

Encontram-se comigo...junto ao meu peito..
As noites em que o teu respirar satisfaz o desejo que cintila nos meus olhos
Esse desejo que é como uma promessa de cheiro a seiva fresca
Que se sente como uma água que corre em todas as manhãs
Que brilha em todas as direcções...como uma luz salpicada por cristais...
Pode viver em ti o brilho das árvores que nascem das agonias
Podes até ser atravessada por um jardim de hortenses floridas
Podes ser a faca que confia nas promessas de amores apressados
Mas brilhas....tu brilhas num mundo em que a tua voz se extinguiu...
Mas a tua pele permanece respirando a perfeição de uma manhã desassombrada
A luz reflecte-se no teu rosto e encanta-se por ti...não tem pressa em partir..permanece...
Encandeia-se nos teus passos...segue na tua sombra de ninfa feita de cal viva
E desperta contigo juntamente com o sabor seco das manhãs... após uma noite de amor
E tu... derivas pela luz...fresca...moldada numa fome de corpo ardido e ansiado...