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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Rasguei a tua página ….e adormeci feliz!

Corria um vento branco...excessivo...um vento que derretia todos os sonhos
E eu cansado do teu perfume...peregrinei pela noite...
Apanhei do chão as fluorescências que pendiam da tua inóspita alma
Olhei-te de soslaio e não te quis reconhecer...eras a nuvem que entope as ruelas
Despedi-me para sempre do amanhecer do teu corpo...
Rasguei a tua página ….e adormeci feliz!

Rasguei a tua página ….e adormeci feliz!

Corria um vento branco...excessivo...um vento que derretia todos os sonhos
E eu cansado do teu perfume...peregrinei pela noite...
Apanhei do chão as fluorescências que pendiam da tua inóspita alma
Olhei-te de soslaio e não te quis reconhecer...eras a nuvem que entope as ruelas
Despedi-me para sempre do amanhecer do teu corpo...
Rasguei a tua página ….e adormeci feliz!

Faremos a viagem até ao arco-íris...

Enchemos os quartos com camas feitas de escuridão
Ignoramos todos os respirares e todas as derivas que vivem nos baldios
Mas talvez encharquemos a cidade com o nosso voo feitos de repuxos em agonia
São as alucinações que vivem atafulhadas de memórias domingueiras
Que saltam barrancos e olham os vulcões de onde brotam peixes insalubres
São lugares que as cores deploram...lugares esconsos desenhados pela imaginação
Lugares que nos ignoram...como se fôssemos pássaros poisados numa mão calejada
E lá vamos ...de lixo em lixo...rolando como esferas verticais...atafulhados de ferrugem
Devolvemos a agonia aos peixes que vêm beber na nossa mão
As vezes que as árvores deram frutos de lava ...e o nosso respirar foi o deles
E mesmo que os abismos de fechem numa agonia de cardumes em sangue
Que as noites se esfarelem nas nossas mãos...
Que o nosso respirar coalhe no fundo do mar...
Faremos a viagem até ao arco-íris...seremos transparências de astros naufragados
Comeremos as memórias da terra revoltada
E escutaremos a via láctea a imitar palavras ferozes...
Palavras a que as nossas mentes lúcidas chamarão... repuxos iluminados por estrelas!

Uma noite que atravessámos juntos...

Era noite...uma noite em que uma mão bondosa se encarregou de me reconhecer
Uma noite que atravessámos juntos...caótica...caminhando sós...
Sobre uma constelação de corações feitos de pedra
Mas sobre a crosta dessa memória vertiginosa reside agora um desenho feito de paixão
Uma claridade coberta por um dia de sol brilhando sobre a neve
Porque subi até ao mais silencioso deserto...
Comi o fruto ferrugento que o vento me trouxe
Beijei-o como um respirar de serpentes delirantes...
E aqueci-o no fogo que adormeceu na sua imobilidade de cinza inaudível...
Depois.. voltei para ti...e para mim....

Mas a chuva regará o nosso emaranhado de desertos sem frio

Que lugar é esse onde as vozes se escondem em sufocos cristalinos
Que luzes de coral e bruma nos guiarão pelos naufrágio dos dias
Até que descansemos destas ilhas de profunda melancolia
Seguiremos em filas oceânicas feitas de sangue naufragado
Jamais os nossos corpos se vestirão de dálias flutuantes
Jamais encontraremos o caminho que atravessa as sólidas portadas dos suspiros
Somos o cardume exangue que trepa pelas tristezas
Depositando todo o alívio dos dias em cemitérios
Enfeitados com enjoativos aromas de flores murchas e suspirantes
Mas a chuva regará o nosso emaranhado de desertos sem frio
A chuva trará cúmplices amanhãs de tâmaras compulsivas
E quando tudo murchar num sono de tremeluzentes crepúsculos
Será o triunfo dos nossos sorrisos apagados que brilhará nas trevas
Será a ausência de um coração vibrante que nos acompanhará
Como um estranho fardo feito de aromas a incenso... cansado de arder a em vão!

Somos a imensa erupção de um consolo inacabado...

Entramos subitamente numa noite de inverno onde chovem ansiedades
Que despertam no voo das obsessões invisíveis
Somos a parede que reveste a vigília envenenada das madrugadas
A capa preta com que cobrimos as migalhas dos dias que nos restam
Comendo o adormecimento vago de uma paisagem vestida de buracos viscosos
As nossas quedas usam asas infantis...ardores de imensidões desmoronadas
Rostos feitos de luzes etéreas corroendo as rosas que nos enfeitam
Somos súbitos olhares que usam óculos translúcidos...desconsolados...
E tudo em nós persiste num escondido ardor que o sangue transporta
Todos os dias o nosso revezar de paisagens é um restolhar da infância
Todos os dias sobramos como terra cheia de palavras escritas pelos vulcões
Somos a imensa erupção de um consolo inacabado...a fascinante imagem de um fim..
Um fim que é um pacto selado com aqueles que nos amam
Porque a nossa luz se esconderá num caderno ou num vapor feito de palavras
Onde a nossa paisagem despovoada dormirá descansada
Sabemos que nunca enganaremos a viscosidade do destino
E que os sobressaltos irrompem sempre que vigiamos o mundo
Como asas de pano nu tapando máscaras aborrecidas
Atravessamos nuvens e sóis...desmoronamentos de céus cercados de túmulos
E obsessivamente pensamos que devemos lavar o rosto...tirar a pintura aflita que nos cobre
Mas os sobressaltos são pactos de sangue...são avisos de pálpebras transparentes
São sulcos de felizes corpos desnudados..onde gemem destinos improváveis...