Envolto nas sementes estéreis dos desencontros..
Eu quis que a minha voz ecoasse sobre a cidade prateada
Quis que o meu corpo envolto em areia trazida pelas marés ardentes
Te procurasse como o desenho de um sonâmbulo ... tracejado de lápis grosso
Mas vi que era inútil...que a larva que te consome...
Se enrosca nos teus cabelos de medusa fechada ao mundo
E que a prateada luz se afasta de mim...com jeitos de amanheceres inacabados...
Todos temos o nosso assassino...e todos temos um incêndio no sangue...
Alastrando pelas flores secas da penumbra...que não nos deixa aproximar...
Nem percorrer a imensa distância traçada por um anoitecer incendiado...
E... nem todos os amargores...nem todas as escadas...nos podem conduzir ao sonho...
Resta-nos a noite incorruptível...que alastra pela distância de um desencontro...
Como se fosse um impossível prolongar de uma noite gelada...uma noite sem detalhes..
E sem contornos..vazia de ossos descalcificados...
Noite de sonos separados..descruzados..
Sem sentido e sem significado...resta-nos mais uma vez o adeus a um tempo curto...
Envolto nas sementes estéreis dos desencontros..