Cabelos em conchas ...folhas vivas de vozes assustadas...mundo coberto de moluscos..
Que perante o azul comestível da cidade envolta no amanhecer...
Se prolonga num espasmo avermelhado...como um lápis lívido...
Pela abominável tinta fulva...de um desapossado corpo...feito de nós marítimos
De onde indecifráveis cabelos descem pela areia...
Porque são cabelos-areia..cabelos-corpo ardendo num pavio...
Coberto de partículas convulsivas...texturas de perfumes raros...carícias sem nome...
Gemidos de idades em convulsão...lábios perdidos na floresta..
Onde arde um fogo azul e uma manhã mineral...caótica dor de medusa sonolenta...
Cuja voz ecoa num abrir de olhos ao mundo...
Como assustadora e prateada visão de um fogo ensanguentado...
Onde as larvas explodem como estrelas mal-amadas...e o azul comestível do céu
É um afastamento de marés vivas...erectas...
Riscadas por pérolas que circulam em volta de um pescoço ...alvo...intocado..
Que espera apenas que a avermelhada língua de um pássaro de papel...
Lhe desperte o amanhecer florido...aveludado...
Como o grão dum vegetal que espera a luz
Escondido na penumbra da terra...afastado de todos os olhares...seco e informe...
Até que um delírio translúcido o faça abrir...qual pétala ofuscante de uma estática maresia
Que debica um cósmico silêncio dourado...feito de detalhes em branco..sonhadores...
Como aves que emigram para dentro da nossa alma sem nome...