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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Metamorfose de cristal dormindo sobre uma pedra sorridente


Metamorfose de cristal dormindo sobre uma pedra sorridente


Vem a noite e soltas toda a tua luz sobre as flores líquidas


Exaustão de olhares...rosto extenuado de animal feito de geométricas formas


Dormes no fundo do rio...resistes no leito orvalhado....cresces como um fogo de vento...


És uma árvore pendurada numa ravina acesa..flor que perfura as raízes...


Num estranho murchar de dias feitos de vidro...


A noite é o teu eclipse..a tua ilha escondida nas persianas do quarto...chove...


Amanhã o cansaço sacudirá a brisa que te cobre..


Ignoras a berma da estrada...profunda lentidão de caminhos...


Agitas os braços como asas brancas...feitas de um cansaço comestível ...respiras...


Tens insectos a cobrir-te os dedos...sobrevoas as janelas sem rota...delírio de sangue...


Espessa poalha de estrela aprisionada num corpo vazio...sem solução...


Escutas as explosões escondidas no soalho..pés que pisam flores em posições amorosas


Vês a tua cara na água clara...não sabes quem és...insónia cristalina...


Moldura dobrada pelo peso da tua foto...sorris...falso sorriso de circunstância...


És a árvore rubra que esvoaça desde o princípio dos tempos...rota envenenada...


Por debaixo de ti nascem conchas delirantes...brisas cadentes..sopros queimados...


E sabes perfeitamente onde dorme o cio...


Onde embrulhas o musgo que te cobre os sonhos...


Onde encostas a língua gelada...feroz...e...estendes o corpo num arrepio translúcido...


Até que a madrugada te desenhe o contorno dos olhos...


Rímel ignorado...reflectido num espelho que dorme esquecido de ti...


 


 

Que esperam pelo momento em que os corpos voem...


Escorrem fotografias sem rosto...sépias de caminhos nocturnos...


Corpos adivinhados enchendo-se de frios vagarosos...húmidos...sinuosas linhas


Que flutuam numa alucinação de lágrimas marinhas...


Que se afogam num lago de penumbras


Feito de gritos dobrados pela força do vento...atravessado por todos os medos....


Onde todas as transparências são estranguladas pelas falsas areias...


Como palmeiras em oásis de dentes cerrados...sumo de orvalho dolorido...


Que se oferece sem nada pedir...reclinado numa visão de águas luminosas...


Onde se escondem todas as horas de amor...e todos os despojos do que fomos...


E que esvoaçam num espaço sulcado de sentidos... que captam a lonjura do olhar


Dormindo sobre as pétalas doces de uma vulva acordada....pelas luas bailarinas...


Que esperam pelo momento em que os corpos voem...


Num emaranhado de beijos em volúpia... enroscados num prazer vagaroso!


 

Queixas que deixamos na sombra..

 


Sopram prantos sobre as nossas vestes rasgadas


Emoções tiradas à força de pulso...gotas de estrelas cadentes...


Mundos sem defeitos que sepultamos num lamento...chão...placenta de escuro dia...


Queixas que deixamos na sombra...como pirilampos brilhando na escuridão da alma


Nascemos de uma incandescência...pingamos sobre os dias como estrelas de pranto...


Não há nada que as nossas mãos magras possam esgravatar...


Escorre-nos a vida por entre os dedos...desperdício de poemas soletrados na areia...


Queixando-se do corpo que os aprisiona...poemas sem peso nem sombra...


Poalha de vento seco...réstias de intimidades...labor e braços que se sepultam...


Na elegante inconsciência da terra...folha de árvore viajeira...universal...


Cisco de tristeza que se ergue das profundezas...sotaque de cinza


Do tamanho do Homem soterrado pela leveza das palavras...


Árvore tricotada pelos céus...medo da fonte copiosa onde nasce a solidão...


Dança que se desvanece num silêncio despresente...fatal e belo...Vida oculta...será?