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folhasdeluar

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Envolto nas sementes estéreis dos desencontros..

 


Eu quis que a minha voz ecoasse sobre a cidade prateada


Quis que o meu corpo envolto em areia trazida pelas marés ardentes


Te procurasse como o desenho de um sonâmbulo ... tracejado de lápis grosso


Mas vi que era inútil...que a larva que te consome...


Se enrosca nos teus cabelos de medusa fechada ao mundo


E que a prateada luz se afasta de mim...com jeitos de amanheceres inacabados...


Todos temos o nosso assassino...e todos temos um incêndio no sangue...


Alastrando pelas flores secas da penumbra...que não nos deixa aproximar...


Nem percorrer a imensa distância traçada por um anoitecer incendiado...


E... nem todos os amargores...nem todas as escadas...nos podem conduzir ao sonho...


Resta-nos a noite incorruptível...que alastra pela distância de um desencontro...


Como se fosse um impossível prolongar de uma noite gelada...uma noite sem detalhes..


E sem contornos..vazia de ossos descalcificados...


Noite de sonos separados..descruzados..


Sem sentido e sem significado...resta-nos mais uma vez o adeus a um tempo curto...


Envolto nas sementes estéreis dos desencontros..


 

Alma embalada...cadenciada...pela suave música dos rastafari...

 


Espelham-se as rosas sobre as sábias montanhas escarpadas


No cimo da alvorada demoram-se as orlas dos bosques enfeitiçados


E o medo nada em rios de rúbias águas que levam os cantos das aves


Que os transportam pelos fantásticos mundos onde as fontes são mãos odoríferas


Mãos sábias que se demoram pelos contornos da solidão


Que acariciam os incêndios dos dias sem passado...


Que percorrem todas as linhas do horizonte...alucinante como mescal enfeitiçado


Inexistente como um vento que secou todas as flores


Contaminado como um profundo oceano de onde irrompem montanhas-ilhas desertas


Errância de barcos contorcendo-se num naufrágio de incendiadas paixões


Fantástica contaminação de cidades adormecidas em camas de ferro...ferrugem e gelo..


Insectos e incestos...abismos e partidas...prisioneiros de medos lisos...


E no mais alto de tudo..num lugar onde crescem os cantos dos pássaros...


Despem-se as paixões selvagens...selváticas...odoríferas...


Siderais dimensões que crescem num perfumado jardim ancestral...


Onde esquecemos os corpos e ficamos apenas alma....


Embalada...cadenciada...pela suave música dos rastafari...


 

E aparece-me o corpo de milhões de partículas aflitas...suspensas numa noite sem ti..

 


Escorrem estrelas dissonantes pelos redemoinhos sonolentos dos espelhos


Ferida de sons e prata adocicada..rasto parado num segundo olhar feito de avenidas


Óleos dissonantes numa deriva de contaminações esverdeadas


Rostos desenhados na cidade desconhecida ...suspensas feridas de sangue mágico...


Lembro-me de ter um desenho sobre a pele...escarificação lunar..gemido eléctrico...


Asfalto que canta em frente ao espelho...numa assombrosa mostra de corpo eclipsado


Num retrovisor agudo que adivinha os lábios de um jardim mineral...


Que geme num suspenso canto de Mick Jagger...ou num acorde de Hendrix...bestial...


Carburador de sangue convulsivo latejando na porta do céu...


Paro...quero adivinhar quem sou...penso no teu sexo latejante...


E aparece-me o corpo de milhões de partículas aflitas...suspensas numa noite sem ti..


 


 


 


 

E aparece-me o corpo de milhões de partículas aflitas...suspensas numa noite sem ti..

 


Escorrem estrelas dissonantes pelos redemoinhos sonolentos dos espelhos


Ferida de sons e prata adocicada..rasto parado num segundo olhar feito de avenidas


Óleos dissonantes numa deriva de contaminações esverdeadas


Rostos desenhados na cidade desconhecida ...suspensas feridas de sangue mágico...


Lembro-me de ter um desenho sobre a pele...escarificação lunar..gemido eléctrico...


Asfalto que canta em frente ao espelho...numa assombrosa mostra de corpo eclipsado


Num retrovisor agudo que adivinha os lábios de um jardim mineral...


Que geme num suspenso canto de Mick Jagger...ou num acorde de Hendrix...bestial...


Carburador de sangue convulsivo latejando na porta do céu...


Paro...quero adivinhar quem sou...penso no teu sexo latejante...


E aparece-me o corpo de milhões de partículas aflitas...suspensas numa noite sem ti..


 


 


 


 

Frágeis astros onde se reflete a extinção da maresia solitária da alma!

 


Imaginação de espaço sideral..siderado...tocado pela mão doce do carinho


Aurora florida desabrochando sobre um porto nocturno


Onde os néons se multiplicam na água petrificada...como unhas fincadas no mar...


E os corpos explodem num abandono de prazer ….


Que sobe lentamente pelos contornos dos ombros nus...até desaguar numa boca húmida


Produzindo uma salivação ácida e excitada....cobrindo tudo...alcançando todas as flores


Reconhecendo cada poro...como uma música sensual...


Que fala a língua estranha do silêncio...porque nos bastam as tâmaras diluvianas...


Caídas sobre a nossa cama esvoaçante...perfumada com estrelas azuis...


E com frágeis astros onde se reflecte a extinção da maresia solitária da alma!


 

Onde possamos rejuvenescer e transbordar de amor!

 


Escrevo sobre o nevoeiro que floresce numa guerra de geometrias variáveis


E os passos são sóis que caminham colados ao corpo...


Numa agonia que contamina o riso dos bosques...


Que segrega delírios de marés diluvianas...que aspira as borboletas entorpecidas...


Que ri como um sábio que procura o futuro..


Ou o lugar onde passa o caudal da existência final...


Onde as noites se suicidam executando uma dança subtil...


Que descreve a essência rara do tempo...que nasce na fonte transbordante das tabernas


E esconde a regeneração dos dias marítimos ...nas folhas amarelas dos plátanos...


Folhas que foram de ouro raro...teatro de uma insónia transbordante de sedas vermelhas


Obscuro ritual feito de claridades incertas que riem dos dilúvios regeneradores


E se perdem num buraco que aspira todos os cataclismos...e todos os delírios...


Numa espectacular máscara de agonia..carregada de seiva que os olhos deixaram cair...


Sobre a aurora do corpo imaginado por uma ilusão sem memória...


Onde apenas as flores podem petrificar a angústia...transformá-la numa estátua anémica..


Onde possamos rejuvenescer e transbordar de amor!


 

Executando um bailado caudaloso...em pontas de solidão...

 


Dancei com o medo num espaço onde explodiam obscenas emergências


Comi murmúrios de passos translúcidos...como sentinelas em órbitas feitas de plumas


Sucos imensos de cidades onde esvoaçam grãos de jasmim...histerias de cinza com cio


Comi crepúsculos envolvidos em nevoentas esquinas...ruas onde floresciam escombros...


Colados ao ar quente do deserto..meu Saara suicidário...meu sudário esquecido...


Num cenário de riso nocturno onde os rios afogam as balas...


Que esvoaçam sobre as pálpebras duma representação branca...


Neve sobre o meu corpo catalítico...desfazendo-me em paisagens de pó astral...


Final de uma memória alada...que permanece sobre o avesso de um mineral


Segundo rouco onde te espero...executando um bailado caudaloso...


Em pontas de solidão...


 


 


 

Estrela-corpo... estrela-máscara...estrela-tu...estrela-minha-tua....

 


Geometrias delirantes procuram saber o caminho que os corpos transportam


Cenário de um teatro selvático e vestido com medos baços


Ritual de risos nascidos nos dilúvios...como sábios bosques encantados...


Onde figuras de luminosidade rara nos trespassam lentamente...como fogo espelhado...


E tudo o que nos resta é uma confusão desgrenhada...feita de roupa desusada...nua...


E o nosso corpo expande-se como um nómada procurando a estrela polar


Estrela-corpo... estrela-máscara...estrela-tu...estrela-minha-tua....


 


Para que nos desça pela garganta o adocicado sabor dos nossos corpos insanos!


Sirvo-te a minha ausência numa travessa enfeitada com cortinas de memórias felizes


Quero que me bebas como um licor feito de gestos vazios


Ou como um percurso que fazes diante de um espelho desfocado


Bebamos os vinhos espirituosos imobilizados em noites ácidas


Deitemo-nos sobre o fumo que atravessa a tontura extasiante do chão despido...


E das noites em que agonizamos na hesitação das labaredas que nos consomem


Deitemo-nos nas ausências de floridas claridades... gravadas na areia imóvel...


Onde os sonhos dos pássaros mergulham em gelatinosas essências afrodisíacas...


Em que caminhos teremos que imobilizar os nossos pés descalços?


Em que ausências teremos que mergulhar a nossa alma despida ?


Em que inutilidades feitas de gomos aguçados de laranjas azedas teremos que dormir?


Para que nos desça pela garganta o adocicado sabor dos nossos corpos insanos!