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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Que se cruzam com o latejar vibrante de uma pedra à deriva....


Áspera praia feita de abelhas floridas...onde corpos estáticos alucinam desejos


Mãos lúcidas cobrem as pálpebras astrais...nervosas como espelhos vegetais


Estáticos ...como sangue rastejando pela agitada relva...


Astros siderados por visões alcoólicas de bosques povoados por nómadas em flor


Louco rastejar de insónias sobre superficiais maresias …


Ouro povoado de desenhos alados..insectos cósmicos desfazendo-se em voos nocturnos...


Tocam-nos nos lábios...desejam a nossa luz..querem a nossa alucinação...


Comêmo-los como algas tecidas por mares escamados...


Memórias de emigrações antigas


Que se cruzam com o latejar vibrante de uma pedra à deriva....


 

Como se fosses o nascimento de um amor abandonado!


Sonâmbulo suspenso sob um céu gelado...memória inventada...teia acordada...


Espero por ti..sempre que o céu se abre numa amarga ausência...devoro a chuva...


Bebo-a para que sorria feliz...por alguém a atravessar como um vapor acordado...


Suspendo todos os passos...subo aos cumes gelados...regresso sem fim..recomeço


Pálpebra transparente em pânico...pena de pomba esvoaçando..


Como se nascesse de um dia vermelho...que segue em todas as direcções


No colo da noite estremece a luz de gelo...arranhar de ausência na porta da entrada


E faço nascer abismos subterrâneos...como escadas...desço até mim..profundo objecto...


Esgravato as veias..suco de azedas...devoro todas as migalhas de ti...


E...sorrio como um pássaro suspenso num fio feito de horas...jarra transparente...


Bailado de amargo pão...nascimento de flor aérea...em tudo espero que faças a tua teia


Em tudo me quero prender...aranha da madrugada que passeias sobre o meu sono..


Como se fosses o nascimento de um amor abandonado!


 

Um lugar secreto onde os corpos se amam e o amor escorre!


Sou uma gota...um rosto que bebe o mundo...como quem desembrulha uma prenda


Sou um Tempo... que não tenho...um grito deambulante pela cidade vazia....


Sei o nome das pedras...escuto o infinito...pinto-me de luzes condenadas...


Não cabe mais ninguém em mim...estou cheio como uma luz grávida...


Ou um destino que cresce em vagas sobre a saudade de um riacho...


Bosque impregnado de sombras luzidias balançando sob os plátanos...


Sou a dança de luz ...vazia ...agitando-se sobre a poeira...


Pés marcados na cinza do caminho...escuro...segredo de sombras espessas...


Rio de habitantes alados...que desconhecem o balancear dos corpos em transe...


Corpos que se desvanecem sem ruído...que se perdem na floresta inumana...


Ornamentados de escuros cetins...como cascas de árvore vestindo um espírito magro


Vogando a favor da corrente...foz de monstros...paz espezinhada na sombra do chão...


Que caminha sobre o orvalho de um Tempo...feito de histórias e embriaguez...


Obra de medos que nos carregam...como cântaros de sonhos sobre a cabeça...


Alucinados festejos...roupas rasgadas...magros meses encharcados de dúvidas...


Cuspo que engravida as mãos calosas..gastas...esparsas...


Como um lugar secreto onde os corpos se amam e o amor escorre!