Às vezes a alucinação cruza-se com a maresia..
Os dias cantam sobre as algas melancólicas...e nós...parados em frente ao sonho
Esquecemos quem somos...perdemos o tecido dos dias...
Comemos cuspo e dormimos no umbigo...somos o gel que massaja os pássaros...
O eco longínquo de um nome prateado...
Que alastra sobre os astros manchados pela água...incertos e agitados...
Circulamos num espaço desconhecido...povoado de seres aquáticos...membranosos..
Manchados por lábios pintados com vozes de cidades incendiadas...venenos de mel
Ás vezes a alucinação cruza-se com a maresia..o deserto com o veludo da areia...
As medusas com as mãos povoadas de aves ocultas...
E os espelhos reflectem-nos em todas as tonalidades...como linhas de cores fortuitas...
Banco manchado de seres hirtos...nervosos...sementes de insónias líricas …
Latejar de loucura... espaço mental sem pele...sem noite nem risos cósmicos...
Abelha rastejante que explode em mil corpos siderais...escama de tempos cruzados..
Que preenche os caminhos feitos de água nervosa...circulante...
Com a liberdade desfeita numa tempestade de cidades mortas...
Onde o aroma das laranjeiras impregna os fantasmas que nos devoram!