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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Onde a saudade enlouquece os corpos em delírio...


Nunca vi o que suporta a alma escura da Terra...nem desenterrei tesouros nas estrelas


O chão desaba em pedaços de lava...expulsão de luz...ventos cegos...asas vazias..


Desenterramos túneis...extraímos pedaços de chão..remamos em segundos soletrados


Queremos perder-nos...pisar os pedaços que se agrupam na entrada da nossa alma...


Esmagar os gravetos líquidos que voam em volta de nós...


Mas não podemos lavar a sujidade infiltrada nas cabeças...adejar de asas sem sentido..


Adormecer sobre os olhos...dançar sobre o nosso nascimento...escurecer as direcções..


Tudo podemos fazer debaixo de um luar onde as corujas piam... sôfregas estrelas...


Mortes de luz arrastada para os arrabaldes da cidade...vícios de ninguém...


Restam-nos os caminhos atapetados de réstias de luar...luras de palavras esconsas


Apagando-se num suave toque de mão...rodopios de aves coladas às flores...


Profundo aroma de planícies esquecidas...penas soltas esvoaçando sem peso...


Almas convertidas em laranjeiras em flor...florescimento de lagoas silenciosas...


Onde a saudade enlouquece os corpos em delírio...


E a loucura é um clarão que varre a alma...e a ponta dos dedos provoca prazer!


 

Deixo que o rio deslize...


Desvanecem-se as raízes que nunca viram o sol...solidificação de terra abraçada a nós


Continente desfocado...trémula vontade de viagem...debruçada sobre a Terra inteira


Deixo que o rio deslize...que o mundo morra afogado num abismo aquático...


E o meu corpo regresse...silencioso como um cisne nadando num lago desconhecido...


Como imperecíveis e lentos arrependimentos deslizando num sonolento vale


Surdos gemidos..restos de nós...silêncios balançando sob um vestido negro...


Imaginação de corpo alvar...que se despe lentamente...numa caótica dança africana...


Invisíveis rostos...tudo atravessa o meu tempo...e eu..fico do lado de fora..


Observando o meu corpo transparente...perante o teu corpo...desnudo!


 

Esperemos juntos pela primavera...


Fujamos para onde a nossa ausência não seja escutada...


Esperemos juntos pela primavera...descansemos o peito num murmúrio...


Não chegam os escombros dos nossos ossos para nos escondermos...


Precisamos de pele...de vigília...de gritos abertos no ventre costurado das palavras


Abriguemos os olhares...subamos ao exterior dos risos..sono de vencidos...


Unhas inundadas por bosques imensos...sal rumorejando sobressaltado pelas sombras


Nada nos vencerá...corpo de anémona doce...caligrafia de palavras raras...


Soltas na paisagem fluorescente...no suor eclodem flores...ventre de sonos desfeitos...


Desalinho de dores pressentidas...estamos vivos...


Inundamos a penumbra com sons roucos...


Retidos por demasiado tempo na névoa dos bosques...sejamos animais nocturnos..


Feitos de prata lavrada e risos carnívoros...insectos vigilantes...


Sedentos de corpos algares...cavernais... incensos incrustados numa febre acariciadora...


Descansando nos longínquos abrigos que ocupam a noite prateada...


Não sei o que procura o nosso delírio...nem as horas são mais ternas que dantes...


Porque os risos das dores são vigílias diurnas...


Corpos desalinhados eclodindo do fundo da noite...como alimento feito de suor salgado...


É o sono que não vem...o peito que se liquefaz numa delirante carícia salvadora...


E tudo o resto volta a ser estático...repetição da repetição de uma penumbra líquida...


Balbuciante gávea de onde avistamos os bosques magoados...e tudo continua igual...


Até onde a vista alcança...rumoreja a memória brutal de um riso cristalino...


Porque até as sombras das cidades se esquecem de nós...


Mas nós.... não podemos esquecer as sombras das cidades...


 

E o nosso corpo seria feito de coral azul...


Amanhece no mar... chegam agora à praia as sombras das nuvens...


Bocas estranhas procuram a água...delírio de mãos misteriosas...inundadas de areia


Lívidas pedras sentam-se sob corpos que desfiam bocados de pão..é a fome da noite..


Prata de luar voador estendendo-se sobre os sargaços...


Suave ondulação de água e corpos ...no rio que se move para além dos nossos cabelos


Eclodem sensuais insectos comestíveis...opacos robalos...breves linguados...


E tudo nos chega como se uma colcha de seda vermelha surgisse no horizonte...


Chegam erupções do fundo do mar...gorgolejam canaviais...garças lívidas pescam...


Tudo se entrelaça numa brincadeira de flores e pedras...lodo cinza secando minhocas..


Água e mais água...língua de mar maravilhado pelos corpos feitos de sóis penetrantes


Onde iremos amanhã? Onde despertaremos o sol? Onde refaremos o nosso dia?


As águas continuam olhar-nos...não têm indecisões...seguem sempre as gaivotas...


Pudesse a frescura das areias dormir num quarto sobre o rio...


E o nosso corpo seria feito de coral azul...vermelho nas arredondadas pontas sensíveis...


Boca sentada junto às flores...floresce como um sol nítido...escamada carpa saltitante...


Agora...é quase noite..o dia arredonda-se numa nostalgia de febre luminosa...


Chega até nós o repouso...desfazemos o corpo em pequeníssimos ventos...


Enviamo-lo pela estreita bruma...já não o seguimos...estamos salvos!


 


 

E o nosso corpo seria feito de coral azul...


Amanhece no mar... chegam agora à praia as sombras das nuvens...


Bocas estranhas procuram a água...delírio de mãos misteriosas...inundadas de areia


Lívidas pedras sentam-se sob corpos que desfiam bocados de pão..é a fome da noite..


Prata de luar voador estendendo-se sobre os sargaços...


Suave ondulação de água e corpos ...no rio que se move para além dos nossos cabelos


Eclodem sensuais insectos comestíveis...opacos robalos...breves linguados...


E tudo nos chega como se uma colcha de seda vermelha surgisse no horizonte...


Chegam erupções do fundo do mar...gorgolejam canaviais...garças lívidas pescam...


Tudo se entrelaça numa brincadeira de flores e pedras...lodo cinza secando minhocas..


Água e mais água...língua de mar maravilhado pelos corpos feitos de sóis penetrantes


Onde iremos amanhã? Onde despertaremos o sol? Onde refaremos o nosso dia?


As águas continuam olhar-nos...não têm indecisões...seguem sempre as gaivotas...


Pudesse a frescura das areias dormir num quarto sobre o rio...


E o nosso corpo seria feito de coral azul...vermelho nas arredondadas pontas sensíveis...


Boca sentada junto às flores...floresce como um sol nítido...escamada carpa saltitante...


Agora...é quase noite..o dia arredonda-se numa nostalgia de febre luminosa...


Chega até nós o repouso...desfazemos o corpo em pequeníssimos ventos...


Enviamo-lo pela estreita bruma...já não o seguimos...estamos salvos!