E desenhar dourados amores...
Talvez passem por mim manhãs feitas de ametistas
Talvez os dias queiram ser imóveis sais...céus da boca em chagas ...sem nome
Analgésicos suicídios latejam nos escombros...quem resiste à linguagem dos espelhos
Que falam de tempos agónicos...Índias desfeitas...cidades de açúcar...
Talvez passem por mim manhã feitas de qualquer coisa que encontre no caminho
Um empalidecer...um turbilhão imóvel...em embalo gravado na porta de um templo...
Ou uma porta que bate nos gonzos ferrugentos e só espera o sono de alguém
Talvez passem por mim manhãs feitas de aves brancas...secretos olhos vagabundos
Pedras milenares que explodem na lava dos vulcões...músicas ósseas que ferem ouvidos
Ruínas de plantas ameaçadas pelo empalidecer das memórias..incontidos suicídios
Talvez passem por mim manhãs feitas de ferros em brasa...gesso metálico..coral viscoso
Talvez a compressão do coração faça circular o sangue...e o mar seja um peregrino
Esperança tribal que perfura o corpo em câmara lenta... o passado é uma esfinge ferida...
Pelos espinhos aguçados que latejam na imobilidade do mar...
Talvez passem por mim manhãs feitas de águas coralinas...epicentros de girassóis...
Ferros feridos pelo azul do mar...ferrugens de sonos que se reflectem no gesso do tecto...
Imagens mirabolantes de locais secretos...onde iremos atear os corpos...
E desenhar dourados amores...nos teus cabelos lisos...prata de dias em fogo...