Deflagram peles de seda sobre a areia...
Lábios dentro de palavras..letras dentro de páginas...respiração de livros...
Âncora de carne onde se abrigam as vozes do mundo...
Como areias que embatem na respiração ...infiltrantes compassos de rocha alada...
Arrancados torrões de terras distantes...bosques sentados em vulcões sagrados...
Lábios nas letras ...ébrios destinos de pessoas epidérmicas...respiração suave...
Alma apocalíptica vivendo numa visão onde chovem corpos...uníssonas respirações
Mas a chuva não fala...a respiração não emite raios...o céu é liso...rabiscado de nuvens
Deflagram peles de seda sobre a areia...abrigamo-nos nas margens expostas do rio..
Sentimos a crispação Divina sentada sob a nossa epiderme...renascemos do medo...
Arrancamos bocados de terra da boca das pessoas...gritamos em uníssono...
Somos a visão da rocha..da árvore...da carne exangue...somos o abrigo de todas as coisas
Para além de nós não há mundo...nem machado que corte a respiração....
Somos a imensa criação do mistério...aflição de água convertida em corpo...
Choveremos...subiremos a todas as hastes dos girassóis...seremos ondulantes céus...
Escarlates autores de uma nova asfixia...crisparemos as bocas...seremos nós mesmos!