Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Seremos ilusão e amor!


Barcos carnívoros descem rios imaginários...pedras filosofais sem qualquer préstimo


Uniformes que a alma veste...impudicos cavalos escorrendo baba...efeito do cansaço


E mesmo que as noites não nos abracem...desceremos a escada do tempo pedregoso


Como sombras vazias ao alcance do horizonte...sobreviventes náufragos em flor...


Imortais frutos de um pomar absurdo...gigantescas fábricas de sombrios sonos...


Desolação abraçada a um reino fantástico...residindo numa fantasia de crianças...


Julgaremos que as palavras cairão das nossas bocas..


Escorrendo sobre as paredes das casas ...moldando imagens em panos rotos...


Devoraremos vozes e choros...e toda a nossa vida será uma lágrima desfigurada...


Um imenso coração que cavalga um mar de espantos...seremos ilusão e amor!


 


 

Seremos ilusão e amor!


Barcos carnívoros descem rios imaginários...pedras filosofais sem qualquer préstimo


Uniformes que a alma veste...impudicos cavalos escorrendo baba...efeito do cansaço


E mesmo que as noites não nos abracem...desceremos a escada do tempo pedregoso


Como sombras vazias ao alcance do horizonte...sobreviventes náufragos em flor...


Imortais frutos de um pomar absurdo...gigantescas fábricas de sombrios sonos...


Desolação abraçada a um reino fantástico...residindo numa fantasia de crianças...


Julgaremos que as palavras cairão das nossas bocas..


Escorrendo sobre as paredes das casas ...moldando imagens em panos rotos...


Devoraremos vozes e choros...e toda a nossa vida será uma lágrima desfigurada...


Um imenso coração que cavalga um mar de espantos...seremos ilusão e amor!


 


 

Corpo suspenso num mar desfasado...


Espero que as palavras capturem a luz... plena e bela cinza de um tempo anterior


Extensão da cidade que resta no horizonte...sangue de pestanas que os dedos alcançam


Cabide onde as aves rabiscam sombras gigantescas...e onde se vestem os agoiros


Culpa feroz de imaterial lonjura...distância de sonhos geográficos...dedos invertidos


A escavar as asas do tempo...asfixiante sangue que escorre dos barcos...África aflita


Fardo enrolado em emoções infinitas...plumas de sombras batendo as asas...


Corpo suspenso num mar desfasado...lonjura fabricada dentro de uma teia de aranha..


Lugar suspenso no tempo...deslocam-se os olhares...abrem-se escravidões na areia


E as pedras asfixiam as nossas pálpebras de bronze...a carne é escura..a vida secular


Seremos um dia aves metálicas presas num íman sem distância...


 

Havia um nome fechado numa poeira imaginária..


Havia um nome fechado numa poeira imaginária...uma suspensão de terra inútil


Árvores com raízes gretadas...metálicas ervas daninhas...destino assente em pedras


Da sombra eclodiam glórias adormecidas...inteiriças paisagens rodavam no tempo


Era uma espécie de rasgar de noites...um adormecer sobre si próprio...um abismo...


O chão envolveu-o... a paisagem aturdida suspirou imóvel...era uma duna despida...


Os olhos olham com espanto esse mar de sangue a circular no seu corpo..


Electrizante miragem suicida..envolvente razão em contraluz...


Súbita panela onde se cozinham os tempos...cosendo-nos às nuvens com linhas de sisal


Sacudimos a poeira com a vista ferida...somos a fonte de todas as misérias...


O lugar de todas as paixões...as costas inquietas das falésias...o mar metálico...


Somos a metamorfose angustiada da treva gasta pelo pó dos caminhos...


Adormecemos com os pés assentes numa traição de deuses...simulações de vida eterna


Tudo o que está acima de nós...nos fere a vista...como se fosse um lume fechado...


Um filme despudorado que observamos sobre uma duna sonolenta...


Até nos dissolvemos numa fuligem de lume que paira sobre os laranjais...


Prenúncio de um tempo longo..fechado ao inverno...


Condensado num bosque florescente..


Paz de corpo que arde sobre uma pedra nua...exaustão e deslumbramento...


Esquecimento de nós...tijolo em combustão...casas que dançam nos sonhos...


Residir..resistir...invadir... fazer de conta....deixámos de nos escutar!


 


 


 

Deriva outonal...chuva de vento...sussurro morno...

 


Deriva outonal...chuva de vento...sussurro morno...


Acendem-se os sonhos nos olhos das mariposas...terrível destino...


Mancha azul nos seios mordidos com raiva...meiga língua deslizante...bosque luminoso


Empedra-se a virtude numa treva nefasta..as pedras tremem...reluzem pirilampos


Rostos estendem-se na erva coberta de dedos frios..alguém ouviu chorar um pássaro


Diz que falar ou sentir é penetrar em farrapos de nós...aproximar o corpo do sol


Acender o lume que penetra nos gelos...estepes de almas que não vêem o dia...


Caminham passos isolados..acumulam-se sorrisos..as moscas caem na mesa...aturdidas


O vento é sujo...mortal..respira medos manchados de dunas verdes...


As palavras encobrem-se nos musgos...atravessam os corpos..querem ser donas de nós


A humidade dos olhos cai do céu..ensombra as mãos..encerra os caminhos do cio...


E os répteis lambem as feridas..farrapos de sedas...a morte circula pelas conchas...


Invade os corais...queima as nascentes...transparece na areia vazia...


E nada é mais que um ensanguentado ansiar que rasteja...numa fina camada de dor!


 


 

Incenso caído aos pés da cama...


Face de olhos escamados...derretimento de pintura vermelha...lajes lívidas


Desenham-se catástrofes nas madrugadas..batalhas eclodem...mulheres abandonam-se


Querem ver todos as martírios..todos as contracções..tapeçarias da alma...


O perdão desbota-se ..calcina-se...poisa sobre mármores negros...


Nobres colunas onde assentaram estátuas líquidas..abandonam-se no verde dos rostos


Espantos róseos de soutiens desabotoados..sol que seca os suspiros...


Incenso caído aos pés da cama...entregue ao aroma dos corpos alados!


 


 


 

Abraço docemente o teu esplendor..


Abraço docemente o teu esplendor..sento-me no brilho orvalhado dos teus olhos


Pouso-me sobre ti como uma ave suave que se oferece às tuas mãos


E ofereço carícias aos teus mamilos quentes como rosas


Verás conchas a cair dos céus...gotas de água feitas de brasas...


Torpores de folhas ao vento...


Juntos procuraremos a ternura condescendente...


Até desabrocharmos como carnes em botão...floridos como estepes aflitas...


Azuis como safiras sem fim.... emergindo do rio como degraus acariciados...


Que o sol verta pelo chão os seus raios...que a vida se lembre das verdes florestas


Que o silêncio se sente junto a nós...perdido e descuidado como uma pedra que rola


Sem sentido...e encalha mesmo à beira do precipício...daquele precipício encantado


De onde vista alcança o rio onde toda a dor se abandona...na correnteza das águas...


E os seres se transformam em árvores antigas...cobertas de amor!