Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Pergunto-me se vale a pena saber de ti!

 


Pergunto-me se vale a pena saber de ti...da tua morada..


Da sombra dos teus cabelos riscando o chão...de aspirar a tua alma como um fumo suave


Esgueiro-me por existências de granulados dias...sombra de luzes que apagaste


Escuro quarto...mãos aflitas...atalhos de cânticos que não escuto...pisaste o meu chão


Durmo numa desprovida cama...vazio... olhos descalços...peito que inventa o teu rosto


À luz de olhos espalhados sobre um nostálgico amanhecer...


Invento o clarão dos teus passos...digo que o tempo não me apagará..digo tantas coisas


Vejo os meus braços cruzados sobre uma algazarra de tempos vazios...não quero emergir


Quero esconder o meu corpo numa toca de chacal...conhecer todos os recantos...


Ter os pés vermelhos...a pele vermelha...ser um gregário atalho de mim...


Não sei porque quero ser assim...acuso-me de nunca ter visto os olhares vazios...


As cabeças inclinadas...as pálpebras vencidas...sou a minha própria acusação...


Sou a minha pele e o meu osso...a cabeça do acaso...um atalho indistinto...


Acho que tudo vale a pena...invento fotografias...risco o vazio...desenho-me...


Vergo-me ao império da rapina...sedutor subterrâneo desfigurado...


Semeio deuses em todo o lado...sem mar ou chão onde eu balance..indefesa cinza


Onde sangram ruínas de deveres embriagados...convicções de lençóis desalinhados...


Chão semeado de bocas vermelhas...plumas agitadas....máscaras derradeiras...


Pergunto-me se vale a pena saber de ti!


 


 

Catástrofes cintilam no céu azulado..


Catástrofes cintilam no céu azulado...amargas viagens extinguem-se na noite


Ardendo junto às persianas insones...recordações de lugares enroscam-se em mim


Arrefecem as manhãs..o sono cabe dentro de um segundo...imóvel e demorado...


Como um corpo quieto a arder num fogo de girassóis acabrunhados...


Esvai-se a memória...comem-se axilas que regurgitam flores lilases...é noite


O corpo percorre a longa estrada do corredor...réplicas de quadros espreitam...


Bosh sobressalta-se...Dali embirra com os relógios...eu...extingo-me....


 


 


 

Ensina-me a nascer do fogo...


Ensina-me a procurar o nome das feridas...o sono das pedras...um nome...


Ensina-me a nascer do fogo...a faiscar nas águas...a agonizar nos templos...


Recorda-me a escrita dos homens milenares...as nocturnas palavras perdidas na cidade


Acorda a minha imobilidade de espelho suicida..turvo sono de maresias inflamadas


Procura-me nos arabescos dos tectos...no turbilhão dos lagos...nas ilhas indecorosas


Leva-me...lava-me...deixa-me navegar num barco de pele...néon perdido nas esperas


Bicho destrambelhado que respira precipícios...ave que nasce de um fogo pálido...


Ruas que perfuram as mãos dormentes...


Onde imóveis aves respiram fumo...passeemos...


Sejamos os vagabundos do filme que desliza pelo cais..cair de pano...rumor de fotografia


O mar em sangue despede-se dos cometas...as vozes amanhecem...inconsistentes


Estamos definitivamente desabitados...explodimos na contaminação das palavras


Abrimos a janela...flutuamos na luz...temos fome...comemos sorrisos


Vibram ausências no quarto abandonado...ecos calcinados de seiva nocturna...seca...


A insónia arrefece...os girassóis emigram...os jardins pedem geografias fulgurantes


E nós fazemos promessas luminescentes...cintilações de nós...exílios de sono leve...


Circulando pelo ardor extinto dos nossos corpos explosivos....