Pergunto-me se vale a pena saber de ti!
Pergunto-me se vale a pena saber de ti...da tua morada..
Da sombra dos teus cabelos riscando o chão...de aspirar a tua alma como um fumo suave
Esgueiro-me por existências de granulados dias...sombra de luzes que apagaste
Escuro quarto...mãos aflitas...atalhos de cânticos que não escuto...pisaste o meu chão
Durmo numa desprovida cama...vazio... olhos descalços...peito que inventa o teu rosto
À luz de olhos espalhados sobre um nostálgico amanhecer...
Invento o clarão dos teus passos...digo que o tempo não me apagará..digo tantas coisas
Vejo os meus braços cruzados sobre uma algazarra de tempos vazios...não quero emergir
Quero esconder o meu corpo numa toca de chacal...conhecer todos os recantos...
Ter os pés vermelhos...a pele vermelha...ser um gregário atalho de mim...
Não sei porque quero ser assim...acuso-me de nunca ter visto os olhares vazios...
As cabeças inclinadas...as pálpebras vencidas...sou a minha própria acusação...
Sou a minha pele e o meu osso...a cabeça do acaso...um atalho indistinto...
Acho que tudo vale a pena...invento fotografias...risco o vazio...desenho-me...
Vergo-me ao império da rapina...sedutor subterrâneo desfigurado...
Semeio deuses em todo o lado...sem mar ou chão onde eu balance..indefesa cinza
Onde sangram ruínas de deveres embriagados...convicções de lençóis desalinhados...
Chão semeado de bocas vermelhas...plumas agitadas....máscaras derradeiras...
Pergunto-me se vale a pena saber de ti!