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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Cheios de finais felizes...


Fui a todos os tempos...visitei todos os braços...bebi em todos os ventres


Misturei o corpo com caminhos desfigurados...voei com os abutres... saí ileso...


Ocultei o meu corpo num mar chão...círculo polar atlântico...escutar de mim...


Sangrei sobre a terra só para a colorir...para ser um rasgar de pele...um deus indefeso


Era um tempo em que as aves não cobriam o rosto...e as cabeças não cumpriam horários


Existências de leitos em ruínas...pular de sentimentos...sacola vazia de razões...


Nas coisas inúteis cresce a ruína...no chão poisam as memórias...pensamos...somos nós


Despedaçamo-nos de encontro às ondas...subimos o inacessível delírio...somos margens


Caímos numa mistura etérea de absurda condenação...cautelas de corpos tombados...


Pés sujos...mãos em circuito fechado...arrombamos a vida...fazemos de conta...


Corpos frívolos acumulam-se em nós...prosápias de passos pensativos...prosas líricas


Cantarolar de ruídos surdos...arrastados chãos...praias ferventes...pequenas coisas


Dilatadas bocas ancestrais que beijam séculos...que comem amores...que beijam penas


Veremos os dias emergir mascarados de trigo...soberbos campos gregários....chuvas


Faremos de conta que somos frias luzes mirabolantes...mentiremos ao sol...


Escorreremos por entre os nossos dedos...com gesto de ondas largas...asfixia de marés


Por fim..calcaremos os protestos...construiremos uma longa oração...rezas sem sentido


E as lâminas salvar-nos-ão das cordas ao pescoço...os dias seguirão em nossa direcção


Até que os apanhemos numa curva apertada...como crianças sem sol...


Solenemente sós...converter-nos-emos ao fascínio dos uivos descontrolados...


Cheios de finais felizes...fartos de cidades molhadas...fecharemos o envelope da Vida!