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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

E nas almofadas...demolir todos os cansaços...


No meu quarto estanco a necessidade de ti..hei-de ver o teu rosto passar..


Mastigá-lo numa fome de olhar...acordar de noite e não me importar....


Hei-de respirar por entre os becos ensanguentados...pelas poesias doridas...


Por entre a branca geada da memória desfocada...filme de alucinação transparente


É preciso tapar os buracos da noite...possuir vulvas ascéticas...mastigar silêncios...


Desaguar em câmara lenta sobre uma sede de veneno asfaltado...permanecer amargo


Desfeito em pequenos pedaços que se distribuem por cartas que não enviamos...


E nas almofadas...demolir todos os cansaços...ser um animal em cima de uma luz


Comer úteros...suavemente...cuspir sedas cicatrizadas...romper com a noite...resistir...


Porque sabemos que da tremura escavada na alma...nascerá uma nova terra...um grito...


Uma cicatriz infernizante..que parece resistir a todas as respirações...


A todas as cintilações...a todas as gotas de suor que caem do nosso corpo...dormentes...


Rotas...cuspidas na fúria da sede...memória de vozes vermelhas...esburacadas...


Que nunca terminam...mas que se deslocam dentro de nós....como um mar longínquo!


 


 

Húmidas conchas que respiram sono...


Mas tu...és como uma agonia de bar...transparente libélula...


Que inicia a sua metamorfose numa árvore despida...numa noite larvar...


Que se espraia através de uma janela entreaberta...e se precipita pelas sombras do quarto


Como uma fresca neblina...maravilhosa... gosto suave esculpido na tua face de rosa...


Embriaga-te na precipitação das águas...diz que te queres corroer...


Tens o sabor do eco lento das tangerinas...da precipitação lunar..do sussurro da agonia


Sabes a garganta de mentol...a mãos de geada...a naufrágio de noite branca...


És o imperceptível mel que estanca a melancolia...água benta...escadaria...


Onde poisam os sussurros frescos...as húmidas conchas que respiram sono...agonia


Pernoitas em todas as minhas veias...precipitas-te em todos os meus ecos...


És a nervura da minha mão...sina escrita no sangue a correr...respiração


Saberás tu estancar o sono? Recuperar os meus despojos? Sábia ave de rapina...


Que dormitas na minha penumbra...que penetras no meu tempo triangular...


Que me alcanças no cimo da lenta vereda que leva à montanha...


E depois naufragas comigo numa rota desconhecida...feita de relva e noite perdida!