Sentada numa nuvem feita de rosas fumegantes!
Envolve-me a teia tecida pela imaginação...abrigo-me nos restos das flores sobreviventes
Poros invisíveis bloqueiam balões de mármore...onde se reflectem incêndios de migrações descoloridas...
Como cavalgadas de trevas sob o sol estático...o mundo coloriu os olhos das serpentes
As flores bebem o infinito...as ondas sibilam...a espuma indica o sul...
Psicadélicas estrelas desfazem-se em olhos esfumados...sento-me virado para ti...
Espero...desejo que flutuemos num lago cheio de sítios perigosos...baixios de lama invisível
Vigio a tua pele...apago-me junto ao teu corpo..assalta-me o esquecimento da terra
Como se fosse um resto de mim...um rasto de mim...um corpo em comunhão incendiada
Aflito rasto de sedas ferrugentas...terrestre globo sorridente...
Enfastiado pelos dias putrefactos que enegrecem os corações...
Como murmúrios de cinzas gotejantes...tudo me passa pela cabeça...
Tudo se apaga numa água dourada...
Crepuscular incêndio que navega numa lata pintada de azul cobalto
Escondo-me na circulação do corpo...os meus dedos purificam a tua pele...boca...boca...
Desejo ser um sol cobrindo os teus olhos...calcinando os teus medos...bebendo-te
Cegando-os numa ternura de cidade incendiada...ou num sono de sonhos rasgados...
Circulo por ti sobre um chão coberto de algas..ouço ao longe os sons sincopados de um sax tenor
Tempo plastificado...inerte...dobrado sobre mim com a força de um solo de Hendrix
Tempo que geme nos tremores de sílabas alimentícias...sangue empastado...
Murchas pálpebras cobertas de espuma prateada...tudo me puxa para a vigília...
Tudo me encerra num respirar tatuado com as luzes da loucura!
E tu..beatificamente segues alheada..sentada numa nuvem feita de rosas fumegantes!