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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Sentada numa nuvem feita de rosas fumegantes!


Envolve-me a teia tecida pela imaginação...abrigo-me nos restos das flores sobreviventes


Poros invisíveis bloqueiam balões de mármore...onde se reflectem incêndios de migrações descoloridas...


Como cavalgadas de trevas sob o sol estático...o mundo coloriu os olhos das serpentes


As flores bebem o infinito...as ondas sibilam...a espuma indica o sul...


Psicadélicas estrelas desfazem-se em olhos esfumados...sento-me virado para ti...


Espero...desejo que flutuemos num lago cheio de sítios perigosos...baixios de lama invisível


Vigio a tua pele...apago-me junto ao teu corpo..assalta-me o esquecimento da terra


Como se fosse um resto de mim...um rasto de mim...um corpo em comunhão incendiada


Aflito rasto de sedas ferrugentas...terrestre globo sorridente...


Enfastiado pelos dias putrefactos que enegrecem os corações...


Como murmúrios de cinzas gotejantes...tudo me passa pela cabeça...


Tudo se apaga numa água dourada...


Crepuscular incêndio que navega numa lata pintada de azul cobalto


Escondo-me na circulação do corpo...os meus dedos purificam a tua pele...boca...boca...


Desejo ser um sol cobrindo os teus olhos...calcinando os teus medos...bebendo-te


Cegando-os numa ternura de cidade incendiada...ou num sono de sonhos rasgados...


Circulo por ti sobre um chão coberto de algas..ouço ao longe os sons sincopados de um sax tenor


Tempo plastificado...inerte...dobrado sobre mim com a força de um solo de Hendrix


Tempo que geme nos tremores de sílabas alimentícias...sangue empastado...


Murchas pálpebras cobertas de espuma prateada...tudo me puxa para a vigília...


Tudo me encerra num respirar tatuado com as luzes da loucura!


E tu..beatificamente segues alheada..sentada numa nuvem feita de rosas fumegantes!


 


 

Passo por ti num voo sem rumo..


Há um fulgor branco que atravessa as tuas tranças aneladas...uma luz inexplicável


Passo por ti num voo sem rumo..desnorteado...dormente...sou um excesso alucinado


No meu íntimo rosto trago algas e lagoas...sedes de extinções...dedos imperfeitos


Perco-me num fogo rápido...sou um cometa excessivamente veloz...um fogo esguio...


Atravesso os nevoeiros de cinza..extingo as cidades...descubro noites em rostos calados


Procuro o meu oásis...a minha palmeira alucinada...um lume que me recolha...


Flores subterrâneas crescem nas paredes...sobem aos quartos...conhecem-nos


Trazem memórias de outras flores... de outros destinos...de outros estremecimentos


Esguias estrelas amanhecem junto aos narcisos amarelos...putrefacções de silêncios...


As amendoeiras estão em flor..estou longe...recolhi-me na extinção de uma nebulosa


Num quadrado imperfeito...num regresso a um falso grito de concha encerrada...em mim


Sonho com oásis e percorro todos os teus dedos enfeitados com anéis que guincham...


Extingo-me lentamente numa memória sepulcral...deito-me...esqueço-me de ti....


E embebedo-me numa dança ventral...que ondula na sombra do teu corpo ausente!