Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Despeço-me de ti...abraço-te...quero-te...retorno sempre a ti!


Perfeita é a catástrofe que gera o mundo..largos são os caminhos onde já passei


Os dias eram meus...deixei-os noutros lugares...talvez se encontrem agora nas areias


Talvez sejam mitos inacabados...esperanças? Certezas? Nada encontro dentro deles


Sigo a minha memória...encontro lugares esquecidos...a casa pequenina...a esperança


Vejo o olival inclinado...o luar assustado pela escuridão do rio...deixei cair longe a minha herança


Na minha pele nascem plantas...como estilhaços de pétalas acesas...feridas profundas


O futuro fragmentou-se em fotografias descoloridas...sorrio...não me queixo...


Tudo o que possuo são memórias dos dias em que o futuro era tão longe...envelheci...


Tenho agora as mãos povoadas por pequenos fragmentos de letras espalhadas sobre o teclado


Grandes histórias de recomeços...jogos de morte...heranças de feridas apagadas...


Sombras crescem sobre os canaviais...regresso ao amanhecer....perdi a noite...envelheci


Agora vagueio sobre uma inútil pele cansada...caminho sobre um luminoso raio solar


Despeço-me de ti...abraço-te...quero-te...retorno sempre a ti!


 

Não resisto...durmo sobre o meu abandono...


Enquanto espero pelo próximo espectáculo...descubro vestígios de rostos extintos...


Reparo nos estertores das galáxias...vejo o abismo encantado das amendoeiras


Escorrego...escorrego pelo hálito da cidade...sou a floração da floração do excesso


Uma trança dourada pousa sobre mim...está na hora...estremeço...conheço este corredor


Nada sei das horas nem dos pesadelos...extingo-me num fogo deleitoso...subterrâneo


Cheguei ao dia dos nevoeiros...atingi a santidade sepulcral...alucino como um astro branco


Não resisto...durmo sobre o meu abandono...desfilo pelos sonhos como um sonâmbulo


Atravesso-me na estrada de algas...cheguei ao desfile dos rostos...mato a sede com loucuras


Parto os espelhos...não preciso de nada...sou um fogo branco!