As laranjeiras antecipam as flores...
Deixámos de escutar o chão...os rios derramam-se pelos arrabaldes em fogo
As mariposas lavam as asas coloridas em tintas assombrosas...
Danças devoradoras de noites desfeitas...noites que cabem dentro de nós...
Como fantasmas assombrados....que rasgam telhados...
Numa agonia de estrelas feitas de lata...
Que os homens devoram...emergindo de um chão em êxtase...garrafas vazias....
Penhores de cal branca espalhada sobre a terra negra...
Invisível noite que se espelha na lama...
Dança de animal debruçado sobre os passeios nus...no porto lavam-se gaivotas...
As laranjeiras antecipam as flores...querem dançar sobre si próprias...
Derramar-se em firmamentos longínquos...em felpudos trajes de alucinar...
Caliça de um tempo desconhecido...magro...possuído por rumores esvoaçantes...
Derramando chagas ornamentadas por andorinhas apaixonadas...voo oblíquo...
Fronteira desapossada de horizonte...Céu e Terra...em comunhão!