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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

E há uma luz de ouro...


Na noite fria e transparente escrevo asfalto..buraco..solidão...sangue deserto


Desenho mares..ruas lendárias...animais que bebem a seiva das esquinas...


Enterro a minha faca num lamento coberto de raízes..amargas horas...escuros becos


Luto com enigmáticas ervas...ecos saem da solidão das flores...cuspo pérolas...insónias


O cais cobre-se de luzes...deitam-se nos barcos..afundam-se em melancolias de bebedeiras


As ostras adormecem num buraco de sal...medos crescem nas aves...


E o teu ventre esquece-se de navegar..sobrevive apenas na inutilidade das luzes...


E há um sabor...um sabor a ais..a flores...a sono pressentido...a idade sem absoluto


E há uma luz de ouro...um eco de verão...uns dedos inchados de onde sopram marés...


Barcos lendários...caravelas líquidas...sal derramado sobre feridas sonoras...


E ímpetos de pão entrelaçado com vida...que persistem num acaso...


Que usam a trajectória florescente das flores...para pernoitarem na minha boca salgada!