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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Flores desprendidas no abandono de misteriosos campos

 


Vogando num silêncio sólido...passo perante domínios tumulares...


Lírios apagados nas páginas dos livros dizem-me que as noites atravessam a escrita


E que no gatilho das palavras está a vida...


Nos carvalhos brilham os tons púrpura do Outono


E dos Infernos gregos erguem-se peixes moribundos...imitações de monstros...ossos contaminados


Faíscam loucuras nas flores feridas...imito a fala de uma página aguada...dou-te a mão


E guardarei no bolso todas os rumores das águas e dos ventos...para depois semear no Verão


Sei que em todas as direcções sibilam ciúmes...faíscas...textos que só a noite encontra


Omnipresentes passados falam das plumas que enfeitam as horas..fingem ser dunas brancas


Ou flores desprendidas no abandono de misteriosos campos...espelhos enfeitados com sílabas


Nas marinhas afogam-se os corações..perdem-se os rastos...as pétalas perdem o sentido


E apenas a noite se espelha numa cartilagem rosa...afogueada...magnífica...


Como um atravessar de alma em êxtase...


Ou um nu de Modigliani... que pernoita para além da paisagem adormecida!


 

Na angústia dos pássaros desmorona-se o amor..


Horas estranhas... corredores infindáveis...plasmáticas afeições


Transporto qualquer coisa delirante...um restolho que rói a alma...uma distância


Os pássaros explodem na voz do vento...irrompem pelas dunas geométricas..vagarosos


Das alturas caem avisos...répteis escondem-se na incandescência dos caminhos...


Areias indecisas escorrem pelas árvores...quebram-se de encontro aos troncos sólidos


Como feridas na boca..destinos indecisos procuram a luz...a loucura ofende..a explosão cega


Na distância os sentimentos encimam rostos pálidos..mãos rugosas acendem fósforos


A solidão irrompe por todas as águas...espelha-se nos corpos...e no vento eclodem tempestades


Há qualquer coisa na alma que fende os dias...que domina as monções...as mãos dão-se


E na angústia dos pássaros desmorona-se o amor..alastrando como misteriosas nuvens


Explodem barcos nos portos...a viagem é insuspeita...todos os amores dão à costa...


Das bocas indecisas escorrem olhares húmidos...doces tempestades de desejos


Monstros solares que se atravessam no domínio da loucura..é o amor súbito


Veneza está mesmo ali..as flores estão ali...semeadas de nomes...morrem de desejos


A última loucura dos peixes diz-me que da saliva nascem cidades..que no amor crescem desertos


Palmeiras desmoronadas...escaravelhos vermelhos...todas as coisas vivem nas feridas


Os leitos esperam que as aves irrompam numa dança solene...que a minha mão tatue o corpo


E que as sílabas se me incendeiem na voz...como uma cega haste que se desfaz em cinza...


Sigo no rasto de uma solidão incendiada..vaga...desfeita num espelho de flores !