Flores desprendidas no abandono de misteriosos campos
Vogando num silêncio sólido...passo perante domínios tumulares...
Lírios apagados nas páginas dos livros dizem-me que as noites atravessam a escrita
E que no gatilho das palavras está a vida...
Nos carvalhos brilham os tons púrpura do Outono
E dos Infernos gregos erguem-se peixes moribundos...imitações de monstros...ossos contaminados
Faíscam loucuras nas flores feridas...imito a fala de uma página aguada...dou-te a mão
E guardarei no bolso todas os rumores das águas e dos ventos...para depois semear no Verão
Sei que em todas as direcções sibilam ciúmes...faíscas...textos que só a noite encontra
Omnipresentes passados falam das plumas que enfeitam as horas..fingem ser dunas brancas
Ou flores desprendidas no abandono de misteriosos campos...espelhos enfeitados com sílabas
Nas marinhas afogam-se os corações..perdem-se os rastos...as pétalas perdem o sentido
E apenas a noite se espelha numa cartilagem rosa...afogueada...magnífica...
Como um atravessar de alma em êxtase...
Ou um nu de Modigliani... que pernoita para além da paisagem adormecida!