Toco o teu fulgor...retenho a tua mão...e na poeira das estrelas... vejo-me.. ausente!
Queria ser um tempo real...como se corresse em direcção a uma oblíqua madrugada
Onde uma luz sólida despertasse desejos de vigílias...
Ou lágrimas envelhecidas pernoitassem nos embaraços da manhã...
Luz e mundo desfeitos em sono...corpos deitados sobre paisagens feridas...esperança
Temos que nos recordar da esperança...
Conhecer-lhe todas as fissuras e gretas de onde ela brota...e digo-te que não te afastes
E digo-te que te queimes no grito que pernoita na memória..falo-te com carinho...
Deixa ficar a tua sombra na paisagem...resina de corpos...desmaios de luz..o mundo é teu
É teu o magnífico desejo de seres silêncio...de seres a crosta do tempo circular
Do teu sono nascem países...crescem húmus...esquecem-se abandonos...
Enrubesço...seco...o mundo aconchega-se a mim...e tu refugias-te na noite...refulges
És o arquipélago onde as lágrimas falam...triangulares pálpebras que se fecham à luz
Toco o teu fulgor...retenho a tua mão...e na poeira das estrelas... vejo-me.. ausente!