Decido que o meu riso seja esquecido...
Caminho como uma dor quente sobre um pedaço de papel...incêndio assustado...riso
Longínquos lábios perguntam-me pelas lágrimas..
Pelo tempo das securas..invocam serenas tardes...vislumbram ventos...
Da memória incendiada soltam-se sedimentos de abelhas..bocas crispadas...ouro
Um dia regressaremos ao riso...cantaremos a derradeira terra...
Cortaremos a memória dos mortos pela raiz...cabelos zumbindo nos picos dos cardos
Seremos comissuras envoltas em dedos aquecidos...aves sem fundo nem fundamento
Nada veremos...porque apenas existe a planície vítrea cortada pelo voo plano das geadas
E eu...dedos enrolados num coração de seda...sinto a derradeira maresia escancarada nas dunas
E pergunto à seiva.... pela idade em que se apagam as letras...pergunto pelo meu nome...
Decido que o meu riso seja esquecido...e o meu cabelo seja gasto...e o meu rosto seja uma lâmina
Comovo-me com o ardente canto de um vento que não sopra...aflige-me a morte dos escorpiões
Ressuscito-me...alma errante numa terra sem horizonte...sereno vislumbrar de serpentes
Que pastam na interminável noite...como cegos lunares enrolados num nome esquecido!