E por cima de ti...mil paisagens..
E por cima de ti...mil paisagens...quando os abutres voam baixo...e os ergástulos se abrem...nada te pode impedir de voar...
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E por cima de ti...mil paisagens...quando os abutres voam baixo...e os ergástulos se abrem...nada te pode impedir de voar...
E da minha boca brotam fontes...
O mar prende-se nas folhas enlaçadas no tempo...
E o Outono..é um fio de seda que nos veste...
Prometo-te...chegou a hora das vagas florirem
E do céu opaco...emergirem tempos de amor!
Filhos do vento emergindo na planície como uma linguagem intemporal
Sabem a fome... a seios ...a dores submersas...a liberdade
O hálito quente do alentejo acaricia-os como uma língua sussurrante
Vagueiam por entre sóis e nevoeiros..sabem os segredos dos trigais..das noites quentes
Fundem-se na planície como crianças dançando nos raios das estrelas...
Que ardem num céu sem fundo
Pássaros sem gaiola...mãos sem algemas...pairam sobre todas as ambições
Enquanto nós definhamos na ratoeira negra dos dias incendiados...
Escrevo como um sonhador...e sonho como se escrevesse sobre uma indiferente manhã...e tudo são sonhos...palavras... manhãs...em que as palavras se espreguiçam nas folhas em branco.
Adormecem-me as mãos...e não te posso tocar..pressinto-te apenas...
Sou a resplandecente abelha que voa em volta de ti...
Escavo-te com mãos inertes...perfumo o sono que finge dormir na seiva de cimento
E quero que o anoitecer se erga dentro de mim...que adormeça a meu lado...
Como o abraço de um presságio que corre na água dos cactos...
Colho a maçã amadurecida na tua boca...trepo pela noite como um nome feliz
No peso das palavras que refulgem sobre o teu corpo..digo-te o que perdi...
Falo-te do sangue que escorreu das minhas veias...
Quando sozinho saltei para fora de mim
Mas vi nas aves um amanhecer...vi uma noite adormecida sobre a solidão incandescente
E flori como um floco de neve num jardim ferido...
E..como num desconhecimento de uma tarde onde enforcámos a ausência...
Voltaste...e eu sobrevivi ao Inverno dos teus lábios!
Das flores pendem fios de seda...aranhas enlaçadas na carne estrangulada
Cardos fiéis que juram cumprir promessas...como folhas de um tempo vestido de ausência
Tenho fome...vogo num espelho que não diz a verdade...
Adormeço embalado pelo suco das papoilas...chegou o tempo das fontes e das cordas...
Estrangulo a tua ausência com olhos vagos...nus...e...fiéis ao tempo onde o mar dorme...
Partimos numa negridão silenciosa...porque na fulgurante descida do tempo inerte...
O nosso corpo é o centro do mundo.... e o coração é um jorro de folhas outonais...
Que placidamente nos dizem que a lua floriu!
Prata... espuma... soltam-se as amarras
emergem vozes do profundo verde enclausurado
mergulho sobre a imagem que nada na planície
e pergunto-te: onde se escuta o canto da margem que vive só?
e tu respondes:escuta-o na claridade da mão que te afaga...
Pela fresta das jarras assomam viçosas primaveras
nos olhos das janelas perpetuam-se aves
caem flocos de verão cansado
e os sonhos falam-me de tardias almas-gémeas
Na espuma inventaste um coração azul-sangue
finges ser uma penugem nocturna
que adormeceu na sombra da mão que te acaricia
Rompe-se a corda que nos aponta o dedo intemporal
o Outono vem descascar-nos os olhos
é domingo..os pescadores retornam
da boca saem-nos papoilas que enfeitam luas
é tempo de deixar as folhas florirem...e os sorrisos arderem.
A madeira estala...a alma cria laços
desapertam-se sentimentos dentro de um tempo baço
e extinguem-se rios sonoros na maresia do arvoredo