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folhasdeluar

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O sono é uma dádiva


Nas frechas da maresia banham-se mistérios...olhares perfumados...pólenes apetecíveis


Plantas aquáticas despontam nos corações...dormem nos ventos...cortam os pulsos


As casas escurecem...a luz apaga-se...os retratos ganham vida....o sono é uma dádiva


É hora de calcorrear o espaço...


E de abraçar as margens aflitas dos rios onde líquidas aves se banham...


 

O sono é uma dádiva


Nas frechas da maresia banham-se mistérios...olhares perfumados...pólenes apetecíveis


Plantas aquáticas despontam nos corações...dormem nos ventos...cortam os pulsos


As casas escurecem...a luz apaga-se...os retratos ganham vida....o sono é uma dádiva


É hora de calcorrear o espaço...


E de abraçar as margens aflitas dos rios onde líquidas aves se banham...


 

Espero-te como se fosses o meu amuleto...


Ao longe há uma imagem que flutua num segredo...um cintilar de estrelas falsas...


Um suicídio de pele gretada onde o silêncio espera pelo vento...


A tarde acumula-se em mim..espero-te como se fosses o meu amuleto...


Ou o meu segredo asfixiado..solitário eco de uma noite estrelada...


Longe daqui há uns olhos tristes que fulguram no oceano...metálica água errando pelas marés


Longe daqui há uma tempestade que assusta a noite...que abre os braços...que me acolhe


Mas eu já não estou contigo...já não transporto comigo o eco dos teus gemidos...


Agora arrasto-me pela insónia...divido-me com o negrume de uma vela...finjo escrever-te


E se me contasses o que o vento te fez? E se me dissesses onde fica agora a tua cama?


Porque... no peso desta luz surda...na errância desta tempestade que cai na minha parede branca


Espero-te...como se o teu presente não tivesse passado!


 

Onde tu te aconchegavas ...para lá dum tempo quieto...



As ondas riam com um som oco...espumas agitavam os dedos..tingiam o ar de riscos brancos


As nuvens ardiam como fornalhas ao entardecer...sentei-me na pedra abaulada do cais


A luz cruzava o ar...passava rente ao escuro das folhas apodrecidas...


Ecoava na nostalgia de um trompete...fundindo-se num presente de cores pálidas...


Onde tu te aconchegavas ...para lá dum tempo quieto...


Mascarado nas espirais de um fogo imenso...ateado pelas chamas de um caos enfurecido...


Ou de uma prisão trémula onde nos agarrávamos...para não ardermos


 


 


 

Vejo e o teu corpo deitado sobre a brisa primaveril...


Vejo e o teu corpo deitado sobre a brisa primaveril...sinto a tua luz empoçada em mim


Percorro o teu corredor...toco-te por entre a fragrância das tuas coxas..abro a tua porta


Vejo-te como um verão onde se fundiram brisas azuis..escuto os grilos na relva...


Máscaras agitam-se na escuridão...sombreado de luas fundidas no teu rosto..caos cinzento


Um barco sai do porto..as velas enfunadas dizem-me que partiste...


E eu desfaço-me numa cascata de fogo...


 

A chuva molha a quietude das horas..

 


Caminha o teu odor pela brisa da manhã...


Derramando trémulas centelhas de cores garridas


A chuva molha a quietude das horas...e eu espreito a rua pela janela entreaberta


Penso naquilo que te poderia deslumbrar...


Talvez se te esculpisse como uma estátua grega...


Ou como um vasto botão de Rosa do Deserto...


Poderíamos nós voltar a sentir a primavera...


Que morre na claustrofobia de uma luz uniforme?


 


 

Restam-me as areias onde a memória se deitou...

 


Caminho...caminho como um tempo sem lugar.. . e escrevo asfixias nas vagas...


Restam-me as areias onde a memória se deitou....a vigília insana onde naveguei.. o teu olhar


Sei que a viagem é um caminho sem fundo..uma hora sem sombras....um tecto inclinado


Será possível pernoitar em ti? Escrever-te com sussurros cúmplices? Não contar as horas?


Para isso é preciso que o teu rosto ressuscite no meu..que a tua música me adoce a alma


Que a tua voz se atravesse na minha...


Depois...podemos falar das memórias que buscamos na clausura do tempo....