Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Um homem escuta o seu interior..


Um homem escuta o seu interior...ventrículo...aurícula...os braços crescem dentro dele


Corre...a neblina vinga-se do dia...distorce as faces...


E o homem desliza como um bailarino..bardo ressequido...poeta da floresta...


Foge...o vazio persegue-o..o vento é a poesia do ar em movimento...


Talvez uma melodia o recorde....que nas praias rastejam partículas de sóis doirados


Sempre luminosas...sempre iluminadas....


 

Literalmente palavras...


Suspenso num enorme espelho azul...toco a luz branca dos sonhos


Imerso...ancorado num céu onde as árvores se pintam de flores doloridas


Sigo o caminho do não-regresso...lá fora... o gelo despede-se do seu próprio frio


Todas as coisas estão suspensas num tempo que se desenrola de dentro para fora


Brincam ás infâncias que correm pelas ruas desertas...


Onde há brechas nos ossos opacos dos sonhos...


Só as árvores pintalgadas de flores violetas penduram em si os dias felizes...solares


Há no ar uma sensação de olhos colados ás vidraças..há aquele céu sempre presente


O gelo que se derrete acorda os animais...límpido gelo que toca o funda das vidas


E se o céu fosse um espelho onde as águas se mirassem?


Quantos campos vazios nos ouviriam assobiar? E o inverno? Seria uma cama inacabada?


Podíamos nadar em corpos espessos...feitos de cores solitárias...


Ossos salientes...magreza...pinhais que se desmoronam em bocados de papel...palavras


Literalmente palavras...gestos suspensos....cores...apaixonadamente frágeis...despidas


E nas águas profundas desenvolvem-se vidas secretas....brancas..cegas...luzes


E pelas janelas escorre a maresia da noite...explodem sóis matinais....há uma sensação de fuga


Presságios vagueiam como cometas..luminosos espelhos onde se escreve dor..


Com o dedo indicador!


 

XXXII

 


Tacteio o teu cintilar como se fosses a minha mão


nado na tua vagarosa sílaba inacabada...é meia-noite


e eu desço pelo fio de seda que me prende a ti...


sempre preso a ti...


 

XXXI


Constelações...tectos onde as estrelas dizem noite


verdades...sombras de diálogos ondulantes


palavras...cristais que despertam no esquecimento