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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

XVIII


Gravamos os corpos em prados de granito...cada segundo é uma mandíbula dentro das pálpebras


esquecemos as pontes na lonjura do horizonte...não temos como passar...é pena...


conseguimos distinguir no fundo da caverna ..aquele feixe de luz rosado...


aquele vazio de fundura que voa sobre a crina da nostalgia...


lentamente aprisonamos as penas que volteiam...suspensas...fundas....


como inescrutáveis silêncios de rostos que se observam entre dois olhares brancos...


 

XVII


Sigo errando pela fiel fonte do tempo...entretendo os olhos com as papoilas


vogo na tua mão como uma madrugada fiel


e sonho com luas despidas presas no teu olhar


arremesso todas as pedras que encontro na memória


o sol jorra sangue sobre os espelhos


é tempo de abraçarmos a corda que pende do sonho...verdades...desassossego


dos nossos olhos descem sombrias flores...é o tempo da floração...


é o inverno a comer-nos os sexos


e as conchas lunares a apagarem-se num fio de luz...


 

XV


Também nestas corolas despontam mundos....também das ervas se faz boca e mar


jamais os pescadores viram o fio azulado do infinito..


porque do desespero emergem beijos com sabor errante...


e o tempo desfaz o barro que as lágrimas assedam...


enquanto os corações se entretêm com a fonte prometida...


e as promessas refulgem num sombrio cantar de aves


enlaçando os olhos nas cordas destecidas com verdades...


 


 

II


A madeira estala...a alma cria laços


desapertam-se sentimentos dentro de um tempo baço


e extinguem-se rios sonoros na maresia do arvoredo.


 

I


Rompe-se a corda que nos aponta o dedo intemporal


o outono vem descascar-nos os olhos


é domingo..os pescadores retornam


da boca saem-nos papoilas que enfeitam luas


é tempo de deixar as folhas florirem...e os sorrisos arderem.


 

XCVI


Percorro a paisagem pintada nas paredes sensoriais


escuto conversas com a boca cheia de poesia e liberto-me da cegueira do que sei


depois colho os frutos cáusticos dos marmeleiros...como se tivesse acabado de nascer.