Enquanto os nossos corpos se afastam
Percorro a cidade e afasto-me das colinas que a vida usa para esconder as recordações
A brisa é uma máscara que o fascínio expõe aos meus olhos...a voz rastejante do vento
Acres vozes...grandes nuvens..o chão é um quadro negro...uma mescla de passos e música
Todos os sopros são caminhos sem norte..braços angelicais a abraçarem guitarras tristes
De longe vêm os tempos sujos...o mundo mancha o deslizar das coisas...sinos de embalar
Alguém se baba pelas esquinas..a morte está a leste...a rota existe na recordação
Anjos assassinados... manchados de sangue... imploram pela costa acobreada do entardecer
Querem que escutemos os punhais que varrem o ar...as liliputianas mensagens que repicam na sombra
Os distantes abraços de ridículas ervas-vida...arquejantes como folhas trespassadas por relâmpagos
Enquanto os nossos corpos se afastam..cada vez mais...sempre mais... como a luz...
Ou como fragmentos de areia espalhados pelo universo!