Suspenso num enorme espelho azul...toco a luz branca dos sonhos
Imerso...ancorado num céu onde as árvores se pintam de flores doloridas
Sigo o caminho do não-regresso...lá fora... o gelo despede-se do seu próprio frio
Todas as coisas estão suspensas num tempo que se desenrola de dentro para fora
Brincam às infâncias que correm pelas ruas desertas...
Onde há brechas nos ossos opacos dos sonhos...
Só as árvores pintalgadas de flores violetas penduram em si os dias felizes...solares
Há no ar uma sensação de olhos colados ás vidraças..há aquele céu sempre presente
O gelo que se derrete acorda os animais...límpido gelo que toca o fundo das vidas
E se o céu fosse um espelho onde as águas se mirassem?
Quantos campos vazios nos ouviriam assobiar? E o inverno? Seria uma cama inacabada?
Podíamos nadar em corpos espessos...feitos de cores solitárias...
Ossos salientes...magreza...pinhais que se desmoronam em bocados de papel...palavras
Literalmente palavras...gestos suspensos....cores...apaixonadamente frágeis...despidas
E nas águas profundas desenvolvem-se vidas secretas....brancas..cegas...luzes
E pelas janelas escorre a maresia da noite...explodem sóis matinais....há uma sensação de fuga
Presságios vagueiam como cometas..luminosos espelhos onde se escreve dor..
Com o dedo indicador!