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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Somos a sumptuosidade tímida da ternura..


Há tão poucas palavras a dizer...há tanto fim e tanto céu


Que na obscuridade do infinito se esconde o fim e o principio de nós...


Somos a substância transparente que habita em todos os lugares


Somos a sumptuosidade tímida da ternura..


Mas somos também a neblina que ofusca os olhos


Quando falamos de desertos desconhecidos


E de futuros densos que já nos habitam...


 

Lentamente ...bebemos a seiva doce das orquídeas


Foi naquele dia em que o vento se escoava por entre os dedos


Que peregrinei pela embriaguês dos frutos nocturnos


Os sonhos...densos como todos os gritos... cresciam junto ao fogo


Eram as memórias de todos a sabores a visitar-me na noite


E também tu lá estavas... perdida naquela demorada rota pelas pálpebras


E também as tuas mãos lá estavam...


A percorrer a rota luminosa das brasas incendiadas


Ou seria o fogo que crescia em nós que as atiçava?


Lentamente... bebemos a seiva doce das orquídeas


E soubemos respirar os corpos que vogavam pelas memórias


Vimos o nosso olhar preparado para todas as alucinações


E percebemos...que vindo lá de longe...


Aconchegando-se a nós...


Lentamente se extinguia o calor da nossa solidão.


 

O Euro


Alguns séculos antes de Cristo a Odisseia foi passada a escrito por Homero. Em determinado capítulo fala no Euro( nome que os antigos gregos davam ao Vento de Leste). Agora percebe-se porque é que o Euro não podia resultar...


 

E durmo...como se não houvesse nada maior que eu!


Dissolvem-se os dias na ratoeira dos segredos...desaparece a alma num incêndio escondido


A solidão é um hálito que as conchas exalam...farol fundido..balanço de vela no mar revolto


Cheiro de crucial liberdade onde o mundo se esvai...


Na alvura de um regaço que baloiça num apagado fim...


Talvez o mundo não nos queira...talvez a luz branca seja o ponto onde desaparecemos


Talvez o bando de aves que se fundem num céu oculto...não seja mais que o estalido da liberdade


Sentes o cheiro da solidão? Ardes numa dança de farol? Talvez não saibas de ti...mas...


Na tua alma vive um fim...uma força que baloiça num apetite de mundos encobertos


Ardes como um acordar dentro do sol...cresces e apagas toda a escuridão....


Irritas os pássaros que te apertam o coração...ferro fustigado que se vinga nas ruínas da cidade


Acorda..paira no centro de ti a sede das pedras..calcárias sementes de portos desconhecidos


A cinza dissolve o mundo..o ar adensa-se na placidez de uma janela fechada... em ti...


Eu...aperto os punhos contra o fundo rugoso do mar...dispo-me como uma máquina...


Sinto a linha do horizonte como se fosse o centro do futuro...


E durmo...como se não houvesse nada maior que eu!


 


 

Para longe...para bem longe...


Em tempos engoli a luz do silêncio...bebi essa luz branca da primavera...esse ar recusado


Rompi com a exactidão de um crepúsculo misterioso...agradeci às folhas dos plátanos


Que tingiam o chão de uma amarelo-dourado...


Não há limites para a profundidade desse silêncio opaco...dessa luz presa na penumbra


Tudo é novo...todos os rostos que engolem a luz...se alimentam de Verões secos...


Reluzem na escuridão...bebem a vida presa por um fio de seda...é o céu que os chama


São as paredes que lhe tolhem os passos...o suor que escorre das bocas reluzentes


É o som reflectido num espelho baço...como se fossem cristais de músicas caladas...