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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Ascendi a ti!

 


Um dia em que a saudade de ti me atravessava


Percebi que já não havia saudade..


Eu era um grão vogando pelo espaço


Eu era o silêncio das galáxias nocturnas...


Um nómada que percorria o coração do teu deserto


Fiz-te companhia nesse pequeno silêncio


Ascendi a ti nessa lentidão... esfomeado pela cidade vazia


Enquanto o meu coração se transformava lentamente numa pedra


Onde encerrei o que restava de nós...


 

Cores e luzes

 


Chegou o tempo em que a chuva desliza pelas minhas mãos


A alma é um achado preso nas ruas estreladas...é noite


E não te encontro naquilo que não sei dizer


Apenas as cores das luzes que me perseguem


Me lembram que estás dentro da imagem que guardo de ti.


 

Vários


Há um caminho que os homens esquecem...e que só as crianças conhecem.


 


Em ti pinto o mundo..porque do meu corpo saem desejos coloridos..


 


Quando vires submergir a noite...recorda-te que a manhã é a neblina do dia desconhecido.


 

É hora de receber a noite...como se fosse um sol coberto de mel...


Dormem os meus olhos ancorados na seiva que escorre do sono


Abraço um sonho como se fosse um rio feito de ventos talhados na areia


Misterioso sonho... onde se erguem braços nos ramos dos ciprestes anoitecidos


Cortantes espaços...marítimos presságios...margens em carne viva...perfumes cantantes


E mesmo que o sonho seja um pólen fingido...ou uma fenda aberta na raiz das árvores...


Há um fundo...um abraço...uma ave que sente a liquidez da noite..


Marítimos anoiteceres que fingem dormir...olhos...como pérolas de vidro nas fotografias


Descansa...que para além dos abraços crescem misteriosos olhares...vinhos sedutores...


Veludos que morrem nas planícies sonolentas..casas na distância aquática...


Cegonhas...rostos...cabelos ao vento...é ora de colher todas as dádivas...


É hora de receber a noite...como se fosse um sol coberto de mel...


 

Criança

 


Era criança...


a noite era a de S.João


saltei a fogueira..tropecei e caí com as pernas lá dentro


desde essa noite...


a incandescência rubra das brasas ficou gravada na minha alma


foi a noite em que pela primeira vez...


provei o sabor do Inferno.