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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

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A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Fevereiro

 


Estava frio..e a quietude árida da saudade estremeceu


Fevereiro voltara e dentro de si trazia a água


Que escalava as pedras escorregadias da ribeira


As aves debicavam rebentos de lembranças de dias quentes


E as tardes morriam por detrás das montanhas


A noite trazia o ladrar dos cães..lua cheia...grão alvo sorrindo na galáxia


Os olhares convergem para a sua nocturna luz


Os sonhos de ilhas e de plantas explodindo em cores...permanecem


E tudo o tempo absorverá...a paz e o uivo do vento e até talvez a insónia


Mas por agora aceitemos a mandíbula de um sono que bate à nossa porta.


 


 

Cântico 9

 


Vejo o lentíssimo tempo cair sobre a solene duna


Pelas vagas deslizam ilhas e pássaros galáticos


É o silêncio...o sabor a algas...a falésia fendida pela lembrança da tua voz


E neste espaço incomensurável de um tempo sem nome


Adormeço sob a pureza da libertadora voz do mar.


 

Cântico 8


E foi assim que procurei dentro das aves o sonho perdido


O sonho que desliza pelos confins dos campos cobertos por trigos doirados


Seara de astros ondulantes que me recordavam presságios de dias prometidos


Mas agora que renasci dentro de uma madrugada...


Como se tivesse saído de um sarcófago feito de espelhos


Agora sinto as tuas mãos...


Como locais secretos onde a saudade se abandona.


 

Para lá do tempo existe a primavera..


Para lá do tempo existe a primavera..as árvores esculpidas...as chamas negras...


Pelas paredes esgueiram-se sombras...desertos floridos...luzes cintilantes...tosses secas


Para lá do tempo circulam as águas cristalinas...as geometrias despidas...as salas de espera


E lá estão as filosofias gregas...as vastas esculturas decrépitas...as prisões da luz...


Para lá do tempo a pólvora aguarda a sua hora...os mares entram nas casas...e os recifes exibem a espuma


E um dia seremos a energia atómica...a luz dourada....a combustão do ar...


Para lá do tempo existem as janelas...os vidros baços...as bocas que se beijam...


Os tectos onde os silêncios se escondem...as decisões abstractas...as rochas eternas..


Para lá do tempo existe o fogo...as facas que cortam os dias de fumo...o ar....


E dentro dos buracos negros vivem os ecos dos dias espatifados...bíblicos rancores....


Como sombras enclausuradas num sol escuro!