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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Porque é quase noite...

 


 


É no abandono da tua sombra que dizes: procuro-te


É no dia em que atravessas todas as cidades e tacteias pássaros


Que te sentes o nómada de ti...


Mas também tocas na geometria despida dos mares


Porque de pálpebras cerradas sentes os dedos colados ao silêncio


Não queres saber de vitórias nem de ermos gravados na pedra


Apenas queres um azul que te percorra os abismos da alma


Ou um destino escrito na folha de papel rasgado


Porque é quase noite..


 


E precisas da melancolia que  chega à praia tatuada pelas marés.


 


 

Sonhamos com a solenidade do silêncio..

 


Sonhamos com a solenidade do silêncio..espaços siderais colam-se a nós


E é nesse tempo em que o nosso corpo se perdeu ...que bebemos o vazio


Um dia vibraremos com rostos que agora apenas deciframos


Como se fossem paredes soltas na gravidade dos dedos


Seremos o dia em que as harpas deslizem ao nosso encontro...


Ou uma vibração que se perde na distância do Universo


Por isso descubro na noite ...sem bússolas nem imagens de olhos cintilantes


O ressoar da sombra que se acolhe ao rosto melancólico


Como se fosse o sudário de uma sedução que nunca terminou.


 


 

Enquanto o sangue pulsa incontrolado...

 


Queremos asfixiar aquele momento intocado..aquela voz que respira em nós


Como uma vaga alisando a areia da praia


Queremos guardar o que não podemos dizer...como afogados em nostalgia


Apenas um fio da nossa voz sobressai na febre da nossa viagem ao tempo


Sonhamos que nada aconteceu..que o tempo nos ressuscitará


Enquanto o sangue pulsa incontrolado...como se corresse fora das nossas veias


Sussurramos..navegamos pelos rostos que não esquecemos


Somos mares que se espreguiçam nas memórias


A sombra que percorre as ruas da cidade


Porque tudo o que restou dos frutos que partilhámos


Foi o crepúsculo de um silêncio fulgurando na neblina do entardecer.


 

Breviário X

 


Era o fogo da cegueira a erguer-se...nostálgico


Eram imagens que devoravam o tempo do esquecimento


Vestígios de memórias encravadas em nós


A erguerem-se do mais profundo sopro do nosso peito.


Perdidas..como a lisura dos espaços desertos.


 

Ouço o teu riso...ainda ris?


Soltavas o teu chamamento como uma ave na escarpa dos beirais


Luz invisível que nos ligava atravessando o ar fresco


Profunda sensação invadindo o céu glacial...silêncio de campos fechados em si próprios...


Os teus dedos exalavam urgências...procuravam nos labirintos das ruas o regresso ao meu corpo


Mas já nada nos ligava...nem os pássaros que fugiam do frio...


Nem o magma que escorre dos vulcões...nem o azul de um céu purificado


Ouço o teu riso...ainda ris? Ou foi só a ilusão de um tempo arrastado pela distância?