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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Para além de todas as folhas que descem do Outono..

 


Um poço profundo sente a lentidão dos corpos..vibrações de espaços esquecidos


O tempo lancinante falará...dirá que tens o meu olhar..o meu fantasma


Perdido como uma estátua cujos olhos fumegam na gravação da memória


Assim será o tempo do vazio...o exílio da vida nos rostos gravados nas paredes.


Então vogaremos pelas imagens que se erguem dos destroços


Lúcidos estaremos sentindo o corpo a corpo da pele


Esqueceremos que somos a semente desenterrada...o jogo..os olhos das casas


Ergueremos imagens e atravessaremos rios..mesmo os secos


Acreditando que um dia a água ali chegará...na aparições de pássaros vazios


Toca-me..atrai-me..terás que me sentir na nudez dos olhos


Depois eu atravesso o meu fim..a minha encruzilhada..


Encontro-me com a cidade fragmentada


E descubro que não sei o caminho...que os meus gestos se perdem na raiz das árvores


Perco-me e perco-te


Abandono a memória das ruas onde seguras o silêncio com a tua ausência


Porque também eu vou à procura da manhã esbranquiçada


Esquecido do tempo adolescente e mutilado que já não ri


E sacio-me de ti nas palavras..nos teus fragmentos...no teu secreto brilho


E vou por aí como a sombra do loureiro..impregnando o ar com brilhos roxos


Porque sei que para além de todas as folhas que descem do Outono..


Tu és o silêncio que me pousa nas mãos!


 

Tão próxima de mim


Há vista do vento o mar rangia nos barcos encalhados


As gaivotas aconchegavam-se nas falésias


O cais balouçava entretido com cânticos de pescadores...


Rostos secos nas quilhas encharcadas


Rochas espessas fechavam os olhos atordoados...recifes e grutas rugindo


E eu..sentia a tua imagem tão próxima de mim


Que mesmo que todas as penumbras me envolvessem


Que todas as redes se emprestassem aos abismos


Nunca esqueceria o ninho onde nos escondemos


Nem o voo firme do teu consolo.


 


 

A vida é esse perfume..


Tudo recomeça nesse perfume das tílias...nessa memória das flores outonais


O sol reflecte-se na pele dos répteis sonolentos..é a hora do sono..


A hora feliz das coisas que se regem pela luz..


A hora sem tempo...intacta como a linha desgastada das mãos


A vida é esse perfume...essa cigarra que desmente a fábula


O azul...as flores omnipresentes no esquecimento de mim


Escuto a minha alegria..indiferente aos dias reflectidos num mar doirado


Papoilas...poejos...humidades de noites fugidias


E vou com todas as coisas...fujo dos espelhos que me cegam


Quero a minha rua ensolarada...intacta e solitária


Com uma invasão de paredes caiadas...


Puro branco reflectido nas pedras da calçada.


 


 

O sono vem...a sombra cresce...


Rodopia a borboleta negra...acendem-se tempestades..ferem-se os mares...


Da minha cúpula vejo o meu reino...minuciosa vigília de flores esculpidas


Lírios reinam nas tuas mãos silenciosas...de ti jorram ausências e poeiras


A escuridão de um olhar...a paisagem que se confunde com um grito..as pálpebras enrubescidas


As flores douradas absorvem o sol abandonado...afasto-me dessa luz...desse silêncio


E dissolvo-me num gesto embaraçado...o sono vem...a sombra cresce...


E escuto a fala das lágrimas!