Para além de todas as folhas que descem do Outono..
Um poço profundo sente a lentidão dos corpos..vibrações de espaços esquecidos
O tempo lancinante falará...dirá que tens o meu olhar..o meu fantasma
Perdido como uma estátua cujos olhos fumegam na gravação da memória
Assim será o tempo do vazio...o exílio da vida nos rostos gravados nas paredes.
Então vogaremos pelas imagens que se erguem dos destroços
Lúcidos estaremos sentindo o corpo a corpo da pele
Esqueceremos que somos a semente desenterrada...o jogo..os olhos das casas
Ergueremos imagens e atravessaremos rios..mesmo os secos
Acreditando que um dia a água ali chegará...na aparições de pássaros vazios
Toca-me..atrai-me..terás que me sentir na nudez dos olhos
Depois eu atravesso o meu fim..a minha encruzilhada..
Encontro-me com a cidade fragmentada
E descubro que não sei o caminho...que os meus gestos se perdem na raiz das árvores
Perco-me e perco-te
Abandono a memória das ruas onde seguras o silêncio com a tua ausência
Porque também eu vou à procura da manhã esbranquiçada
Esquecido do tempo adolescente e mutilado que já não ri
E sacio-me de ti nas palavras..nos teus fragmentos...no teu secreto brilho
E vou por aí como a sombra do loureiro..impregnando o ar com brilhos roxos
Porque sei que para além de todas as folhas que descem do Outono..
Tu és o silêncio que me pousa nas mãos!