Sei que sou capaz de me diluir num olhar..
Alheio a um tempo que me percorre...olho o lago onde a luz se aperfeiçoa
Nas margens lodosas irrompem as palavras
Ao centro os nenúfares fazem escorrer a água que lhes atiro com as mãos da memória
Delicadas aves desprendem-se da paisagem
Regresso ao tempo das pedras..enquanto caminho ao longo do meu corpo
Sei que sou capaz de me diluir num olhar..de me esquecer da minha pele
E quem sabe se não posso esquecer a fome de ti...
Que os meus olhos te sintam ...pouco importa
O fresco da tarde..vem a pouco e pouco acordar-me do voo
Desço até ao ínfimo fragmento de mim
Como se descesse de um tempo mágico
Um tempo que corre ao meu lado...esquecido do fogo que ateei aos desejos
E que me faz desprender da perfeição de um tempo que teci em mim.