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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Nunca esqueceremos as aves que nos despertaram


Peço ao sol que me ensine a magia dos rostos feitos de jade


Que me diga qual o caminho onde as vozes se tornam transparentes


E fito-o com um olhar ausente


Sentado num lugar isolado onde as fontes se esquecem de correr


E choram sobre as pedras que se diluem no caminho


Mas há umas mãos férteis de fogo...


delicadas constelações de desejos pendem dos céus


De onde as palavras irrompem como se fossem o único caminho até ao esquecimento


E nunca esqueceremos as aves que nos despertaram


Durante o tempo em que crescíamos..livres.


 

Nas paredes pendem quadros incompletos..auto-retratos de um tempo inexistente...


Chegou o tempo dos ventos agrestes...dos olhares fixos..de luzes fosforescentes


O tempo em que a morte conta histórias e as vagas se extinguem num abandono escuro


Cantamos o que nos asfixia... apenas nos sai um fio de voz...um caminho escuro


E nós existimos no fundo dessa vida onde nadamos...nesse respirar alucinado


Nesse contar de dias em que imensos olhos se ausentam de nós


Asfixiamos...queremos que a vigília parta com as vagas...rostos pintados perdem a cor


Nas paredes pendem quadros incompletos..auto-retratos de um tempo inexistente...


Já não tememos a chuva...a poeira acompanha-nos...somos o caminho e a praia


E se esquecêssemos todos os rostos que caminham sobre tempos sem rosto


Se amortalhássemos o céu numa colcha de seda vermelha...


Que o doloroso navio parta sem nós...pouco importa..os rostos ausentaram-se


Nós somos a sua ausência...e somos o jardim que cultivamos numa aura submersa


Profunda...onde tudo acontece...e onde a chuva molha as horas do anoitecer!


 

O nome das coisas


Gostava de saber de onde vem o nome das coisas, porque é que dizemos amor, luz, noite,


porque é que chamamos memórias às recordações, e poço a um lugar profundo dentro de nós.


porque é dizemos erguer os olhos, tocar no coração e atravessar o deserto.


e se nada tivesse nome, afinal nada também não quer dizer nada, e as imagens são apenas fantasias e fantasia porque será que dizemos fantasia? Podíamos dizer outra coisa qualquer, por exemplo em swahili fantasia é ndoto (segundo o tradutor),amor é upendo, afinal as palavras são apenas designações, a verdadeira poesia está naquilo que não sabemos exprimir porque para designar o que nos maravilha...não há palavras.


 

O ar era uma espiral azul celeste...

 


No céu brilhava uma explosão de tons laranja...como profundos gritos do entardecer


O ar uma espiral azul celeste...inesquecível moldura sibilante..


E a terra... rasgada por centelhas de incríveis tonalidades douradas...


Era um como rosto esquecido nas folhas caídas


Recordando os instáveis dias em que os pássaros debicavam a nossa solidão