Despe-me desta morte que me veste o corpo
Aquece a frieza que por mim passa..rastejando como a serpente negra
Altivos rios pedem o regresso dos meus passos às margens do teu olhar
Ainda que a sede de fontes me procure
E que a milenar voz da infância deserte
Sei que é nos bosques que os rios se prolongam
Conheço o delgado enlouquecer da Hydra
E a perfeição transparente do barro frio
Hoje a ninfa de jade ecoou no lodo feito de pele arrepiada
Disse que a ausência das aves é um desvario das pedras
Que os sonhos nos tocam com mãos de ouro
E o fogo arrefece no silêncio de cada jardim.
Mas um dia..em cada árvore nascerá uma utopia
Em cada caminho haverá um desejo
E quem sabe..com sorte...os fragmentos da morte enlouquecerão
E dirão que nos rostos vivem paisagens
Nos olhos o horizonte não terá fim
E seremos todos mágicos..inventando uma nova escrita
Um novo tempo de nos olharmos
Porque do único sol que existe embutido em nós
Desprendem-se os caminhos da ternura e da água.