E nas nossas mãos nasçam insónias
E do rio que perpassa sob a pele resta apenas a ponte levadiça
A água levou a canção perdida...turvou-se a sombra larga dos ulmeiros
O que senti...formava fragmentos de coisa nenhuma
Mas agora posso-te dizer o que esqueci ...
Nos portos onde o véu roxo da neblina habitou
Esqueci o estremecimento do crepúsculo rente ao meu corpo
A música líquida dos mares..o sussurro do sangue
As horas ressuscitadas das ilhas envoltas em sobras de nada
Sonho dentro do sonho..corpo espreguiçando-se dentro de outro corpo
O horizonte tem palpitações de cidades perdidas
Mostra as manchas das cartas inscritas nos astros
Amanhece...e a minha pele estremece com ausência do teu passado
Espreguiço-me..flutuo..e coloco ao pescoço meu amuleto feito de chuva
Conta-gotas onde os silêncios cúmplices se instalaram
Até que o amanhecer das planícies desça ao nosso passado
E nas nossas mãos nasçam insónias
Esgueirando-se por entre o eco do nosso sono.