Palavras com sabor a sonhos apagados.
Tenho ciúmes do horizonte e das ruínas onde escrevi o meu caminho
Lembro-me do meu fundo..daquele poço sem regresso onde a sombra acorda
Sou aquele sobreiro sobranceiro à planície dourada
E não quero ser comido pelos vermes que mergulham na terra
Tudo será como se navios feitos de luares abocanhassem os instantes da minha morte
A minha alma demolir-se-à em mim...caminharei pelo meu silêncio
Serei o meu deserto...
Não espero ninguém nem ninguém virá comigo
Serei o sem-regresso
O reflexo de um tempo a transbordar de almas
Poeira para os abutres estelares...vento que incendeia oásis
Branco voo de areia solitária...
A cintilação da lâmina sobre a alma imperturbável
A febre que tece a teia da aranha
Sob a latada de buganvílias vermelho-sangue
Avisto em mim as ruas solitárias...pracetas de lodo...fogos desordenados
Sonâmbula ...a claridade das horas desce a escada
A doce aurora deixa entrar o passado...é o agora
E um vento marinho escreve em mim...
Palavras com sabor a sonhos apagados.