Será a realidade o teatro onde o destino nos traça linhas paralelas?
Arde um tempo quente na paisagem
As flores cobrem o fundo das casas
Cardos aturdidos por presságios
Acordam na seiva imaculada das nuvens
Há um olhar vazio
Umas mãos que se enchem de penumbra
Anseios de sonhos cobrindo os delírios do mar
No interior dos homens o silêncio sobe verticalmente
Recorta-se no abandono da paisagem agreste
Prende-se aos ramos das árvores
Cujas raízes se curvam para o interior das almas
Vagos medos descem do céu
Será a realidade o teatro onde o destino nos traça linhas paralelas?
Somos o prolongamento de um ponto escuro
Parado na paisagem opaca
Há insectos côr-de-rosa..extraordinários actores do vazio
Erguemo-nos perante o palco cheio de divindades
Mas já ali não estamos!