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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Será a realidade o teatro onde o destino nos traça linhas paralelas?

Arde um tempo quente na paisagem


As flores cobrem o fundo das casas


Cardos aturdidos por presságios


Acordam na seiva imaculada das nuvens


Há um olhar vazio


Umas mãos que se enchem de penumbra


Anseios de sonhos cobrindo os delírios do mar


No interior dos homens o silêncio sobe verticalmente


Recorta-se no abandono da paisagem agreste


Prende-se aos ramos das árvores


Cujas raízes se curvam para o interior das almas


Vagos medos descem do céu


Será a realidade o teatro onde o destino nos traça linhas paralelas?


Somos o prolongamento de um ponto escuro


Parado na paisagem opaca


Há insectos côr-de-rosa..extraordinários actores do vazio


Erguemo-nos perante o palco cheio de divindades


Mas já ali não estamos!


 


 

Esqueci-me que o Inverno já passou

 


Esqueci-me que o Inverno já passou


Que a areia cobre o dia com leves cantos


Adormeço sobre azuis paisagens e nos recantos


Vejo o sol de um Abril que não findou


 


Vi-te em frente ao vento do delírio


As horas passam leves na tua graça


Ardem labaredas nesta praça


E a minha a voz treme sob o canto do martírio


 


A tua silhueta era de espuma e de areia


As águas a brilhar absorviam o meu além


Lá.. onde o teu corpo me seduz na bruma


És o sal...o canto... a calma..o mistério


A carícia da terra na caruma


És o chilreio da ave mais plebeia


Que procura no voo do seu vaivém


A paz do dia que rareia


E o tempo não esquece que o teu império


É o amor que volta pela mão de uma sereia


A encontrar-me junto a ti na tarde cheia


Onde eu sussurro:amor - e tu... também!


 

É preciso libertar as crianças da tortura que é a escola


É preciso libertar as crianças da tortura que é a escola. É preciso libertar as crianças da manápula do Ministério da Educação.Todos os Ministros da Educação deveriam OBRIGATORIAMENTE ler o Prof. Agostinho da Silva antes de assumirem o cargo. É preciso que as crianças venham aprender para a rua, que saiam da prisão que é a sala de aula, e que ao final do dia possam ter tempo para usufruir do tempo de ser criança. Hoje os alunos passam o dia na escola, estão fartos de escola, mas ainda assim a escola estende os seus tentáculos até casa, os pais em vez de gozar da companhia dos filhos,têm que os ajudar com os TPC`s, é absurdo que com tanto tempo de aulas ainda tenham que trabalhar em casa. A criança é bombardeada com um ensino desfasado do seu gosto e do seu interesse, um ensino que sacrifica o aluno e toda a família, e não acrescenta nada de realmente "palpável", ou seja, de prática de vida. O agrupamento de escolas de Palmela está a levar os alunos para a Serra da Arrábida, a fim de que tenham aulas práticas de Ciências da Natureza(penso que é assim que se chama disciplina), ora já no século passado o Prof. Agostinho da Silva, (apesar de dar aulas em Lisboa) levava os alunos para o campo e era para a Arrábida que ia. No caso da escola de Palmela, todos os alunos são unânimes em afirmar que assim aprendem mais e com mais interesse, isso já todos sabemos, porque as crianças precisam de ar, de falar, de experimentar, e não é no tédio da prisão que é a sala de aula que o podem fazer, nem é com sobrecargas de matéria que são motivados. Por estas razões é que os alunos espanhóis estão a fazer greve aos TPC`s , e com o apoio dos pais, força rapaziada o ensino tem que ser adequado aos vossos interesses.


 

Voo em espiral


 


Vi-te como se dentro da multidão


Não existissem ruínas


Nem pés nus encostados às paredes de pedra


O mar avança em passo vertical


Há receios no musgo que cobre os muros


Mas nós já partimos


Fomos avistados por medos..


Vagos medos compostos por flores roxas


Que nos acorrentam ao sossego do sono


As árvores também se despiram


Agora...o calor adere aos lagartos


E o nosso voo em espiral


É o grande plano da nossa paisagem interior.


 


 

Com o olhar vago de quem partiu.

Espantamos a madrugada que dorme


Na quietude do poejo...não cintilam pesadelos


A noite é de linho


Virá o outono que nos trará a amarelecimento da ternura


Onde o delicado lírio nos deslumbrará..


Tudo cabe na nossa miragem...o sal lunar desponta sobre a cómoda


O jardim aflige-se com o desejo das flores...


Rastos de luas insensíveis atravessam o mar


O arado é uma miragem a rasgar o coração...


Na terra feita de eternidades cintilantes


Inventaremos as nossas raízes comestíveis..


Delicados decotes erguem-se sob as bocas


Há um ciclo no ar...uma humidade que pressentimos no corpo


Breves passagens de cometas fascinam os desertos


As aves regressam no seu tempo cíclico...


Os insectos perseguem as flores dos goivos


E os desejos selvagens eclodem num tempo morno


As águas de Maio fazem inchar as sementes


Que nos atravessam como graníticas nuvens de mel


Fixando-se na memória das órbitas estelares


Como fontes de águas imaginadas...


No delicioso canto emancipado da baleia


Que cobre o musgo dos dias


Com o olhar vago de quem partiu.