É nos olhos das crianças que eu invento os homens
(foto de minha autoria)
É nos olhos das crianças que eu invento os homens
É na água pura que eu invento as flores
É na árvore mais alta que vive a terra
É lá que as palavras se desprendem das bocas ávidas
E a bússola do dia me encaminha para junto do vento
Onde a luz cintila sobre a lâmina açucarada
A luz constrói reflexos de cristal
A luz reinventa os dias
Os dias devoram as palavras
E há uma febre nas pedras
Um barco rasteiro às águas fala de delírios
A minha pátria é a solidão
Mas sinto a leveza da areia sobre a pele
Atiçando as vagas de sangue fresco
Cobrindo-me a pouco e pouco a ferrugem dos olhos.