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folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Já não há desespero

No Rossio dormem mendigos ao relento


Atravessam a noite deitados sobre os bicos dos pés


Já não há desespero


Os seus ossos habituaram-se ao frio


Constroem agora imagens de cães solitários


Pairam sobre a poeira das estrelas


Não há um sentido onde a sua alma se aconchegue


Esperam pelo fogo da manhã..ausentes de si


Esconderam os sonhos num corpo que abandonaram


Apagam-se em cantos perturbados pela febre


Olham a ausência e o delírio


Aspiram as imagens de felicidade


Desconstroem a Avenida da Liberdade


E adormecem num caixão de salitre.


Estão suspensos do último fôlego


Cumprem dentro de si a promessa


De um turbilhão etéreo que lhes destrói o destino


Talvez uma noite desça sobre a sua mão


Talvez uma noite quente os acaricie


Mas na chuva que escorre da lassidão dos céus


Vem descrita a morada dos deuses


Que os dia os acompanharão.


 

Leonardo diCáprio e Hieronymus Bosch

jardimdasdelicias.jpg


 


 


Este quadro O Jardim das Delícias Terrenas pintado por Hieronymus Bosh em 1504 é um tríptico que descreve a história do Mundo, de facto este quadro é uma premonição sobre o futuro da Humanidade.


Leonardo DiCaprio (que para além da sua faceta de actor é também um activista contra o aquecimento global), tinha uma réplica deste quadro pendurado na parede do seu quarto de criança. Este quadro foi uma das influências que Leonardo DiCaprio recebeu (ainda que só muito mais tarde se tivesse apercebido), quando começou  a sua cruzada contra a poluição atmosférica, é este o poder da arte.


O tríptico descreve na asa lateral esquerda o Éden,que representa o nosso paraíso perdido. Ao centro descreve os prazeres da carne e ao mesmo tempo a anarquia dos nossos tempos, onde nada mais interessa que o prazer momentâneo.


Na asa direita temos o nosso futuro, O Inferno que teremos se continuarmos o caminho descrito na asa central um futuro negro e poluído.


Só um visionário poderia pintar um quadro destes no século XVI, um quadro que nos aponta caminhos e ao mesmo tempo nos obriga a encontrar soluções, um quadro mais que actual, um quadro intemporal que diCáprio soube perceber, assim todos os governantes pudessem despertar para a beleza da mensagem que este quadro nos dá.