Parece que ninguém compreende o fundo das certezas
Os rios seguem o curso das ruas..são ruas errantes
Nos ares erguem-se as falésias da noite...desfazendo as nuvens visitadoras
Nas brumas da liberdade recusam-se os artistas...
Os desejos desapareceram sob o manto das cidades
Em vez de poemas escrevem-se inocências
Sobre os ventres abertos descem aves de metal
Como podem essas aves soltar o canto?
Como pode a claridade dos jardins entontecer as auroras?
Não há mistério...quem ama descobre-se
O mar agita as brumas que esvoaçam sobre as vagas
Um pássaro debica as migalhas dos olhos mais belos
Há metamorfoses de seda nos rostos sagrados das viúvas
E olhos de mel seguem na barca da tristeza
É preciso proclamar que a deriva dos dias emerge do brilho da desordem
Que as ruas se cansam de serem as mesmas
Recusam ser a sátira fresca da servidão
Não podemos poisar a cabeça se a luz flutuar à nossa volta
Mas gosto de ouvir os passos apressados das palavras
Gosto de sentir o hálito fresco das sílabas
Mas o que ninguém sabe... é que é mais fácil ser feliz
Do que permanecer na escuridão mastigada do tédio.