Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Duas pequenas corolas

 


Quando me dispo de mim e te procuro


Vejo breves lugares onde a paixão se instala


Por mim passa a chuva e as memórias


O sangue...um barco..as marés..


A quilha dos dias difíceis


Escavo em mim uma rota...como um partir feito de ausências


E tornamo-nos duas pequenas corolas feitas de cansaços.


 


 

Como podem as aves soltar o canto?

Parece que ninguém compreende o fundo das certezas


Os rios seguem o curso das ruas..são ruas errantes


Nos ares erguem-se as falésias da noite...desfazendo as nuvens visitadoras


Nas brumas da liberdade recusam-se os artistas...


Os desejos desapareceram sob o manto das cidades


Em vez de poemas escrevem-se inocências


Sobre os ventres abertos descem aves de metal


Como podem essas aves soltar o canto?


Como pode a claridade dos jardins entontecer as auroras?


Não há mistério...quem ama descobre-se


O mar agita as brumas que esvoaçam sobre as vagas


Um pássaro debica as migalhas dos olhos mais belos


Há metamorfoses de seda nos rostos sagrados das viúvas


E olhos de mel seguem na barca da tristeza


É preciso proclamar que a deriva dos dias emerge do brilho da desordem


Que as ruas se cansam de serem as mesmas


Recusam ser a sátira fresca da servidão


Não podemos poisar a cabeça se a luz flutuar à nossa volta


Mas gosto de ouvir os passos apressados das palavras


Gosto de sentir o hálito fresco das sílabas


Mas o que ninguém sabe... é que é mais fácil ser feliz


Do que permanecer na escuridão mastigada do tédio.


 


 

Poluição e água da torneira

 


Hoje na rádio ouvi falar um especialista em poluição, a pergunta da jornalista sobre as quais as formas como podemos contribuir para diminuir a poluição, teve a seguinte resposta: devemos procurar andar a pé, usar os transportes públicos, reduzir o consumo de electricidade na nossa habitação separar os lixos,e...beber água da torneira....confesso que não percebi como é que beber água da torneira vai contribuir para a redução da poluição..só se for para poupar nos garrafões de plástico.


 

A claridade cristalina dos teus olhos.


Um dia...quando a minha sombra se esvair debaixo dos meus passos


Terei a idade dos sorrisos e a adolescência dos desertos


 


Um dia..quando ferros em brasa coroarem a cegueira do tempo


Deitar-me-ei sobre as paisagens trocistas


 


Um dia...quando o tempo já não me tocar


Transbordarei de orvalhos saídos dos escombros da noite


 


Mas mesmo assim espero sempre pela tua mão


E pela sedução circular dos ventos


 


Levanto-me das imagens traçadas pelos dias


Toco-me como quem persiste em se perder


 


Ao fogo primitivo colam-se as memórias da tua existência


Em magnificas cidades erguem-se auroras


 


Por isso me perco no sítio onde aporto


Porque existo no azul dos teus contornos


E na claridade cristalina dos teus olhos.


 


 

Para se perceber a poesia


Para se perceber a poesia é preciso lê-la em voa alta, dar-lhe a entoação correcta, construir cada frase dentro do espírito, não é preciso ser poeta...mas é preciso possuir a alma da poesia.