Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Um olhar feito de olhares

Escrevo o último instante... sobre o sono murcho das buganvílias

O sono é mais pesado que o ladrar dos cães

O silêncio dilui-se nesse ladrar acidental

Recolho-me dentro do sorriso que me disputa o barro das estrelas

Circulo na noite para lá de todos os receios

O jardim abre-se todo para mim..como uma ave liberta do sol

Recolho nos meus olhos o azul-celeste...é um azul deserto de respiração

Nu... como os passos da aparência

Viro-me para o outro lado...não receio as águas que deslizam pela calada da noite

Vejo-me com um olhar espesso...um olhar feito de olhares

Um olhar que deito para as costas ..como se fosse uma fotografia nocturna

Não há horas para os moinhos..apenas vento e uivos tristes

Na profundidade de um corpo surgem inesperadas estrelas

É possível que a eternidade dos relâmpagos faça lembrar os receios

Mas a memória ergue-se das fotos...como bolor saindo dos rostos

Sei que nas asas sonhadoras do espaço habitam mares nítidos

O destino é uma ave caída do ninho

Ignorando as memórias empoadas da terra

Reluz a cal ao sol do deserto...é excessivo o mundo que me enche a mão

Finjo silêncios..ignoro-me...a casa atravessa-me os ossos

A minha fantasia cria musgos verdes em paisagens desertas

Fujo de todos os limites..de todas as viagens..

Resguardo-me na caleira que leva ao coração

Escondo as mãos num rosto ardente..

E escoo-me pela noite fingida.

 

 

Quem pode dizer que nós não somos loucos

 

Qual é a verdadeira realidade?

Aquela que vivemos nos sonhos?

A que obtemos através do álcool ou de drogas?

A que vivem os loucos? Porque há realidade na loucura, o louco vive a "sua" realidade, e tudo o que vive na sua loucura é real.

Quem pode dizer que nós não somos loucos vivendo numa realidade em que só nós acreditamos?

Quem pode dizer que tal coisa é a realidade? Se a tal coisa vista ou sentida por outros é sempre diferente.

Existem tantas realidades como existem seres humanos e nenhuma é real porque é sempre transitória.

É aqui que reside o dilema do Homem, porque em todas as formas de viver há sabedoria, pela sabedoria atingimos o que pensamos ser real mas também o irreal e o irreal trás-nos pequenos assomos de verdades, e acabamos por não saber verdadeiramente em que acreditar.