Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

folhasdeluar

A minha poesia, é a minha incompreensão das coisas.

Contra-luz

images.jpg

 

Para onde nos leva a água que corre sob a luz do nosso abismo?

Essa água difusa que se espraia no nosso corpo arrepiado.

No seu brilho palpitam as asas abertas de um tumulto

Nas suas páginas estilhaçam-se silêncios gelados

Há uma impureza que vagueia no escuro..

Há um peito cavado no arrepio de nós

Cegos...somos a cegueira da paixão que se desprende de si própria

Somos o brilho encandeado pela sofreguidão dos extremos

Somos a tempestade que floresce no fumo filtrado da luz

Translúcidos..somos translúcidos como anjos descomunais

Estilhaçamos as pétalas das flores...

Comemos penumbras de margaridas melancólicas

Crescemos dentro de um arvoredo deslumbrado pela alvorada

E quando a lividez das açucenas nos cobrir com as suas pétalas

Seremos o livro das orações guardado na gaveta.

Onde sobressaem os odores do incenso

Como se fossem neblinas de dias esfacelados

Dias... onde o seu começo é um rio a desaguar nas raízes dos canaviais

E os seixos arrastados pela corrente

Dizem que somos o fio da meada

Que somos a teia de aranha que se suspende na contra-luz

E que não pode mais disfarçar o seu vulcânico palpitar

Porque já não há disfarce... para além da cortina enfeitada com assombros...